sexta-feira, 30 de maio de 2008

OS CAÇADORES DE ROLINHA

Durante um encontro de tecnologia de informação e comunicação, no Sebrae, á dia, o superintendente Júlio Rafael fez uma candente saudação ao ex-deputado Neto Franca.
Júlio se reportou ao passado comum com o ex-deputado, no tempo em que o local onde hoje funciona o Sebrae era apenas um matagal.
Júlio fez a platéia rir, quando arrematou:
- Neto Franco é meu amigo de infância, e nós caçamos rolinha juntos, nas matas que existiam aqui antes do Sebrae!

DESMOTIVADO

Uma maldade muito escutada lá para as bandas do Palácio do Planalto, é que se instalarem relógio de ponto na diretoria da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, o ex-ministro do Desporto, Agnelo Queiroz fica sem salário. Ele raramente aparece...

AJUDA DISPENSADA

Figura muito popular em Teixeira, município paraibano, Zé da Onça certa vez abordou João Agripino, que visitava a cidade:
- Preciso da sua proteção, governador!
- Ande direito e pode contar comigo – garantiu o governador Agripino.
Zé da Onça dispensou:
- Precisa mais, não. Andando direito, não preciso da ajuda e ninguém...

DIREITO DE DEFESA…

Alegando insatisfação com a FUNASA – Fundação Nacional de Saúde, um indefeso funcionário foi estuprado por um grupo de índios na região do Oiapoque, extremo Norte do País.
Envergonhado, ele reluta em prestar queixa à policia e pede inclusivamente para omitir o Estado em que é lotado.
Agora só falta o bispo Erwin Krautler, do Cimi, chamar o crime de estupro de “direito de defesa” dos índios como no caso recente de um engenheiro linchado...

QUERER-TE

Querer-te é sentar-me na praça, logo de manhã, só para te ver passar.
Querer-te é os teus olhos, o teu sorriso cúmplice, as tuas palavras.
Querer-te é também não me veres, se por acaso alguém está perto.
Querer-te é haver sol e vento e estrelas. É o verde das acácias e das palmeiras e as rosas de Jericó alinhadas até à ponta das dunas.
Querer-te é o castanho doce dos figos sobre a mesa, as tâmaras, a voz da grande Kolthoum vinda de uma janela num cântico apaixonado ao Nilo.
Querer-te é haver noite - ah, sobretudo a noite! E é o teu corpo nu, exausto, branco como um templo, porque todos os corpos são um templo no solo consagrado que há.
Querer-te é o sorriso no rosto das crianças, o grácil e dançante caminhar das mulheres, a fonte, as águas.
Querer-te é tudo, até o meu desejo de te não querer.

Victor Oliveira Mateus

OS MISTÉRIOS DA ENTREVISTA DE SELEÇÃO

De todos os instrumentos utilizados num processo seletivo, a entrevista de seleção é considerada a ferramenta mais importante. Por meio dela é possível identificar se o candidato possui ou não o perfil adequado ao cargo e à cultura da organização.
É imprescindível treinar-se para as entrevistas. “Caso não pratique o candidato cometerá todos os tipos de erros. E mesmo sendo extremamente qualificado para o cargo, poderá não conseguir a vaga devido ao mau desempenho”.
Para começar, prepare-se para responder a perguntas básicas e que, certamente, estão presentes em todos os processos seletivos. São elas:

- Fale-me sobre o se maior sucesso profissional.

- Mencione o seu traço de personalidade mais marcante.

- Quais os principais resultados obtidos na sua carreira?

- Quais são as suas ambições para o futuro?

- O que você sabe sobre a nossa empresa?

- Por que você está procurando um cargo na nossa empresa?

- Que qualificações você tem que o fariam ser bem sucedido aqui?

- O que é mais importante para você no trabalho?

Existem hoje vários tipos de entrevistas: as já conhecidas, feitas pessoal e individualmente; as realizadas em grupo; pelo telefone; em Inglês; pela Internet, numa espécie de Chat, e até em restaurantes, durante um almoço. E se você está pensando que tudo isso é feito para te pegar de surpresa, acertou! A idéia é mesmo essa.
A entrevista pessoal é uma das técnicas mais eficazes e baratas que pode ser utilizada num processo seletivo. No entanto, ela não é tão simples como parece ser, ou seja, não basta simplesmente seguir um roteiro de perguntas pré-determinadas. É preciso ir além e ter a sensibilidade para captar o que não foi dito, é preciso sentir o que o candidato provoca no selecionador, é claro que não é possível avaliá-lo única e exclusivamente pela impressão causada, mas sem duvida a primeira impressão é fundamental em todo o contexto da avaliação. É através do contato com o candidato que o selecionador poderá “sentir” se ele está ou no compatível com o perfil exigido para o cargo em questão.
E sempre vale lembrar...
Algumas atitudes são básicas, como chegar por volta de cinco ou dez minutos antes do horário agendado, estar formalmente trajado e as mulheres, em especial, devem tomar cuidado com roupas e acessórios chamativos. Estar sorridente e confiante também são fatores importantes.
É fundamental que o candidato vá para a entrevista tendo argumentos do porquê deve ser contratado por uma determinada empresa, ou seja, em quê as suas qualificações podem contribuir para o desenvolvimento da organização e não o contrário. Esse é o ponto central do selecionador. Nesse momento, realizar uma pesquisa sobre a empresa é um recurso indispensável, pois ajudará o profissional a demonstrar o seu interesse pela empresa e consequentemente fazer parte da mesma.

‘Rocha & Coelho’

EXISTENCIALISMO

Ele faz poesia porque morre de medo do tiro no ouvido. E se esquece da extrema poeticidade do suicídio. Que tolo! Que é então o poeta senão um suicida reincidente?

Antonio Mariano Lima

quinta-feira, 29 de maio de 2008

O TROTE PARA MILANEZ

Os deputados Edivaldo Mota e Fernando Milanez foram ao Rio de Janeiro, acompanhados das esposas, para participar de um encontro de parlamentares.
Certa noite, após combinarem sair juntos para jantar Edivaldo ficou esperando Milanez um tempão, no lobby do hotel, então, impaciente, telefonou pro apartamento do colega:
- Alô, é do apartamento do deputado Fernando Milanez?
Sua esposa atendeu:
- É sim.
Então, Edivaldo acunhou:
- Faça a gentileza de informar que a loura que ele pediu já está aqui na portaria, prontinha para aquele programa!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

AMOR…

Qual o sentido da vida? O amor é o único sentido. Tudo o que vive não vive sozinho, nem pra si mesmo...
Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina brincando de esconde-esconde. Infelizmente, ás vezes, não percebemos isso e passamos a nossa existência colecionando nãos, a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa a que não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos.
A vida é mais emocionante quando se é actor e não espectador, quando se é piloto e não passageiro, cavaleiro e não montaria. E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos. Esta mensagem é um tributo ao tempo. Tanto àquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto àquele tempo que você não vai desperdiçar no futuro. Porque a vida é agora...
Não tenha medo do futuro, apenas lute e se esforce ao máximo para que ele seja do jeito que você sempre desejou. A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.

‘Normam Cruisin’

CADÊ AS MINHAS CORES?

Cadê o azul, com que eu pintava sonhos,
e o verde, que enfeitava a minha crença,
e o vermelho das rosas, e a presença
do amarelo dos cravos mais bisonhos?

Cadê a cor das cinzas tão tristonhas,
efeitos do color da indiferença, cadê a cor sem cor da desavença, a preta, de meus medos mais medonhos?

Cadê o roxo, colorindo odores
das violetas, encantando amores,
cadê açor d paz, da despedida?

Cadê as cores dom jardim das flores,
e as colores gentis das outras cores
dos antigos painéis da minha vida?

‘Ronaldo Cunha Lima’

DE ESGUELHA

Três copos de chuva dançam o peito alegre do tempo já não mais sorri dois pingos de sol cantam o olho mareado do dia já não mais sorri um suspiro de vento baila o braço cansado da noite já não mais sorri três braços de cansaço duas marés de olhos uma alegria do peito na chuva sorridente no sol sorridente no vento sorridente chega um tempo de não mais sorrir hora de dançar na chuva hora de cantar ao sol hora de bailar com o vento chega um tempo de esquecer o tempo de penetrar o tempo e de viés ser o tempo por vir como os sol enamorado da chuva como o vento apaixonado pela noite ser quem sabe só como de viés a vida sabe ser.

Leontino Filho

ENTRE AMORES E DORES

É possível dizer a alguém para não amar, para não sofrer, para não chorar, para escolher a quem vai amar?
Não, o coração não tem lógica, não tem juízo, se entrega e, entre dores e amores, vice... e quando o amor acaba, nos fechamos na dor, na solidão, até que a ferida sare, e mesmo com uma enorme cicatriz, recomeçamos o ciclo: novo amor, nova decepção, nova dor... Então, o que fazer?
Deixar de sentir, anular os sentimentos, calar a vida que teima em pulsar nas veias, o sangue a correr quente pelo corpo levando a esperança por todos os poros, impulsionando a continuar? Ou simplesmente ignorar todas essas emoções e vegetar numa redoma protegido de tudo, de todos, mas principalmente protegido de si mesmo?
Temos poucas escolhas na vida: ou vivemos apegados ao ontem, ao passado ou damos uma chance ao amanha, ao futuro. Não existe terceira opção, estagnar, segurar o tempo no presente é impossível. Ou paramos ou seguimos, e muitas vezes o presente não vale a pena segurar. Não existe “se” na vida prática; é sim ou não, talvez nem pensar, “se” eu não fugisse, “se” eu não tivesse dito, “se” eu isto ou aquilo, “se” o caminho escolhido fosse o outro e no este.
Por que alguns conseguem e outros não? Porque são mais corajosos, se arriscam mais, vão à luta sem medo e mesmo perdendo não desanimam, enquanto outros se acovardam ficm com medo de tentar, abaixam a cabeça, encolhem os ombros medrosos, deixam que a vida os leve à mercê como uma folha carregada pelo vento.
Então, não deixe que o medo faça com que você pare no tempo. Vá à luta!

‘Brígida Brito’

ENTUSIASMO

Os dicionários apresentam a palavra entusiasmo como palavra de origem grega composta dos termos “En Teós” que na antiguidade, significava exaltação ou arrebatamento extraordinário daqueles que estavam sob inspiração divina. O entusiasmo pode ser visto no vigor ou veemência, no falar ou no escrever, flama, exaltação criadora.
Segundo os gregos, só pessoas entusiasmadas eram capazes de vencer os desafios do cotidiano. Assim, o entusiasmo é diferente do otimismo. Otimismo significa acreditar que uma coisa vai dar certo. Entusiasmo é agir com determinação para fazer dar certo o que planejamos. Entusiasmada é a pessoa que acredita em si.
Só há uma maneira de ser entusiasmado. É agir entusiasticamente! Se formos esperar ter as condições ideais primeiro, para depois nos entusiasmarmos. Não é o sucesso que traz o entusiasmo, é o entusiasmo que traz o sucesso. Todos conhecemos pessoas que ficam esperando as condições melhorarem, a vida melhorar, o sucesso chegar, para depois, se entusiasmarem. A verdade é que jamais se entusiasmarão com alguma coisa. O entusiasmo é que traz a nova viso da vida.
Gostaria de perguntar a você:
Como vai seu entusiasmo pelo seu trabalho, pela sua família, pelos seus filhos, pelo seu país e por sua missão nesta terra. Se você é daqueles que acham impossível entusiasmar-se com as condições atuais, credite: jamais sairá dessa situação. Hoje é necessário acreditar em você. Deixe de lado todo o negativismo, deixe de lado o ceticismo.
Abandone a descrença e seja entusiasmado com a sua vida.
Você verá a diferença!

‘Brígida Brito’

GOSTAR

Gostei de não gostar do que não gostei, por ter gostado tanto do que gostei.

LIDERANÇA GENUINA

A figura do chefe autoritário, centralizador, está cada vez mais desvalorizada. O mercado busca verdadeiros líderes, reconhecidos como “desenvolvedores” de pessoas. São profissionais que sabem transmitir claramente os objetivos e conduzir a resultados, extraindo o melhor de cada membro da equipe.
Líderes genuínos motivam, envolvem e inspiram o grupo, lapidando talentos e descobrindo novos potenciais, numa relação onde todos ganham.
Então, liderança genuína é a arte de lapidar talentos, capacitar pessoas a formar novos líderes.

‘Rocha & Coelho’

O FUTURO PREFERIDO

Um barco à deriva chega a algum destino. Deixado à própria sorte, pode até mesmo aportar em um lugar interessante.
Na vida, no entanto, muitas vezes é preciso contrariar o vento para alcançar o futuro preferido. Tomar as rédeas da própria existência, tornando factíveis projetos pessoais e profissionais, requerer método, persistência e reflexão.

Rota de navegação:

- Confie nas suas possibilidades e ouse até ao limite possível.

- Escreva os seus propósitos, estabeleça prazos, faça lista de tarefas e mãos à obra.

- Tenha planos de longo, médio e curto prazo.

- Não se alcança o futuro preferido sozinho. Seja correto e integro e aglutine em torno de si pessoas que o ajudarão de bom grado.

Para realizar o futuro previsível ou escolhido, há que se fazer um esforço continuo, contrariando a rotina, a comodidade e a segurança. Para chegar mais longe é preciso olhar o horizonte, e não a ponta do pé.
Não há milagres para conseguir o futuro preferido, mas propósito, determinação, trabalho e técnica.

‘Rocha & Coelho’

CADA UM NO SEU LUGAR

A então deputada Sandra Cavalcanti, da Arena,pediu uma audiência ao interventor do Rio, almirante Faria Lima, e fez três pedidos.
O primeiro era para remover um velho fiscal para a capital, o segundo para transferir um gari doente para a sede da empresa de lixo e o último pretendia levar do interior à capital uma professora com graves problemas familiares.
- Sinto muito, deputada. Lugar de fiscal é na fiscalização, lugar de gari é na rua e lugar de professora é na escola – descartou Faria Lima.
- De qualquer modo, obrigada, governador. E antes que me esqueça: lugar de almirante é no navio... – devolveu.

SEU MANDURI E A PESCARIA

Plantado às margens do açude de Jatobá, Mandurí passou a manhã inteira tentando fisgar um peixe quando, de repente, chegou o prefeito Bivar Olinto:
- Mandurí, vejo que não pescou nada. Posso tentar pegar um?
Mal jogou o anzol e fisgou um lustroso peixe. Ai, logo após, achegou seu motorista, chamando pra uma solenidade.
Bivar:
- Pode ficar com o peixe, Mandurí!... E se foi.
Quando Bivar deu as costas, Mandurí puxou uma peixeira e esfolou o peixe:
- Toma, babão, puxa-saco, mordeu a isca só porque era o perfeito...

A PROPAGANDA DA CACHAÇA

Paschoal Carrilho trabalhava na Rádio Tabajara e foi escalado para cobrir a solenidade de inauguração do governador Ivan Bichara.
Adepto da cachaça Praianinha, Carrilho fazia propaganda sempre que podia.
Naquele dia, como a solenidade demorasse, ele seguia:
- Daqui a pouco, a solenidade, em nome de Praianinha. Eu bebo Praianinha, Paulo Rosendo toma Praianinha, até o governador Ivan Bichara toma Praianinha...
Foi quando um assessor o interpelou:
- Que é isto, Paschoal. Não diga que o governador bebe cachaça!
Paschoal, então, arrematou:
- Só quem não bebe Praianinha é o governador Ivan Bichara!

O VEREADOR ROBÔ

Os vereadores Luís Carlos da Silva e Jaime Nogueira batiam boca, na Câmara Municipal de Mimoso do Sul (ES).
Oposicionista, Silva acusava Nogueira, líder da bancada do governo, de ser apenas “um homem de recados” do prefeito.
A discussao transcorria civilizadamente até quando Luís Carlos o chamou de “robô do prefeito”.
Jaime se queimou:
- Até este momento eu não me sentia ofendido, mas agora V. Exª vai ter que provar quando é que eu roubei o prefeito!

A DITADURA DA POESIA

Nomeado interventor do Amazonas por Getúlio Vargas, o poeta Álvaro Maia sempre encontrava tempo para cometer versos.
Mas dava duro.
Certo dia, o prefeito de Lábrea reclamou do promotor da cidade:
- O senhor precisa demitir o homem. Ele bebe muito, dá escândalo. Até já ficou nu na beira do rio. E isso não é nada, há coisa muito pior...
- É mesmo? – interessou-se o interventor.
- Além de todos os vexames, ele ainda é poeta!
O prefeito foi posto pra fora do gabinete e demitido no mesmo instante.

AS CHANCES DO CANDIDATO

Era final de tarde de eleição em Patos, quando alguns candidatos se reuniram, em frente ao fórum, para discutir sobre as chances de cada um.
Foi quando um dos presentes indagou, com curiosidade:
- E aí, Chico Xavier, você tem chance de se eleger? Acha que desta vez vai?
Chico, que era candidato a vereador, temperou a voz e disse com convicção:
- Tenho todas as chances. Pra você ter uma idéia, só lá em casa comeram em pé umas duzentas mulheres!...

O CORRELIGIONÁRIO ABUSADO

Pedro Gondim tinha assumido o Governo do Estado, quando, certo dia, um correligionário, daqueles bem chatos, invadiu o seu gabinete e foi logo dizendo:
- Votei em você, e exijo uma providencia!
Pedro no gostou do linguajar do cidadão, mas indagou:
- De que se trata?
O correligionário:
- O delegado está namorando a minha mulher. Quero que o senhor demita o bandido e, se possível, expulse ele do Estado!
O governador apenas disse calmamente:
- Meu amigo, assunto de cornice não é comigo, não. É com a rádio patrulha!

UM FAVOR DE BRIZOLA

Concluída uma reunião da Frente Trabalhista, figuras ilustres e outras nem tanto do PTB, do PDT e do PPS acorreram ao aeroporto de Brasília e entraram na lista de espera dos vôos para o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Entre eles, Leonel Brizola.
A funcionária da RioSul, que chamava os passageiros à medida em que surgiam vagas, gritou o nome de Brizola cinco vezes, sem obter resposta.
Ele acabou perdendo o lugar para um militante do PDT do Rio de Janeiro, que gritou:
- Finalmente o Brizola fez alguma coisa por mim!
Até o velho caudilho caiu na gargalhada!

O REMEDIO PRO VAQUEIRO

Doutor Mariz, avô do ex-governador da Paraíba António Mariz, tinha um vaqueiro muito diligente, mas também muito abusado que, de repente, adoeceu.
Trouxeram um rezador que, após o exame, concluiu:
- O remédio pra Pedro Velho, doutor Mariz, é leite materno.
Mariz convocou uma moradora, que desmamava o leite num copo e passava pra Pedro Velho.
No segundo dia, Pedro já se sentando, propôs:
- Doutor Mariz, melhor do que beber no copo é tomar direto. Eu já posso mamar...

EXPERIÊNCIA E ERROS

Experiência é o nome que cada individuo dá aos seus próprios erros.

‘Oscar Wilde’

A MULTIPLICAÇÃO NOTURNA

Na calada da noite, a população se multiplica.

CEGO E CAOLHO

Em terra de cego, quem tem um olho é caolho.

RIO DE PIRALHAS

Em rio de piranhas, jacaré nada de costas.

SAÚDE CLASSISTA

É melhor rico com saúde do que pobre doente.

AMOR DOS ENGANOS

Só eu, só eu amei o amor dos meus enganos.

‘Edgar Allan Poe’

A RESPONSABILIDADE

A responsabilidade ante o idioma é, em essência, responsabilidade humana.

‘Thomas Mann’

DOMINICAL

A segunda não imuniza. A próxima é sempre pior.

ESCOLHA

Quando nada, o suicídio lhe dá o direito de escolher o tipo de morte.

COMPANHEIRA

Por penas uma costela no podemos exigir muito.

PORTICO

Com os meus amigos aprendi que o que dói às aves; não é o; serem atingidas, mas que, uma vez atingidas, o caçador não repare na sua queda.

Daniel Faria

QUIS ESCREVER

Quis que escrevesse um poema Sem importar-me aos traços imberbes Da alma minha, o destino. O papel, trêmulas as mãos Lancei de esperanças falsas Tomado, a escrever. O tempo em vão gastei; O papel manchei Sem nada entender. Erradas as mãos À empresa falida Não soube fazer.

Alberto da Cruz

UMA REFLEXAO SOBRE O COMPORTAMENTO MASCULINO

Este é um tema que interessa a homens e mulheres, mas seria maravilhoso se os homens pudessem dispensar um pouco do seu precioso tempo para ler esta reflexão.
Nós mulheres (fala a autora do presente texto) achamos os homens maravilhosos. Eles nos completam, nos dão prazer, contribuem de forma imprescindível para a geração dos nossos filhos e alguns nos fazem conhecer o paraíso.
Não dá para pensar uma vida sem eles. Porém, eles estão nos entristecendo cada vez mais, e no estou me referindo aqui àquele típico sofrimento das perdas, dos abandonos, das rejeições e das traições, o que pretendo focalizar é a falta de sensibilidade e de percepção do “outro” (ou melhor, da outra), que tem acometido grande parte dos homens de forma expansiva. Estou falando da falta de elegância e cavalheirismo que parece ter atingido os homens de forma incomensurável.
Vejamos um comportamento atualmente comum, que expressa muito bem essa ausência de elegância e falta de sensibilidade: um homem convida você para sair, leva você a um restaurante, vocês jantam, tomam vinho e a atração que vai surgindo conduz para alguns beijos e carinhos.
Imediatamente ele começa a pensar que você está disponível para uma noite de amor e inicia uma investida incisiva, sem sutileza nenhuma, o que acaba lhe deixando constrangida. Sabemos que muitas mulheres consideram isso absolutamente normal e te gostam desse procedimento, mas outras, não.
E cabe o homem identificar essa diferença. Mas os “pobrezinhos” não estão conseguindo fazer isso e acabam se tornando homens absolutamente sem encanto para algumas mulheres. Entendemos que essa é a forma que a maioria deles costuma agir, e que funciona. Mas para certas mulheres esse comportamento representa a “mesmice”, todos agem assim. E nós estamos querendo sair dessa mesmice e encontrar um homem elegante e diferente. Vamos continuar torcendo para que esses seres maravilhosos e divinos, que são os homens, recuperem a razão, a sensibilidade, e afeto e a elegância, sem medo que o tratamento gentil seja confundido com compromisso.
Pois, o que queremos ardentemente é uma boa companhia e não necessariamente um casamento. Ser gentil e sensível não indica o caminho para o altar, apenas revela um homem especial.

‘Rosália Corrêa’

sábado, 24 de maio de 2008

LIVROS E BIBLIAS

Há alguns dias desloquei-me ao centro da cidade de João Pessoa, na Paraíba, e ali bem perto do conhecido mercado do terceirão, encontrei um encadernador, coisa para mim rara de encontrar por estas bandas do mundo.
Reparei que tinha vasta publicidade sobre o seu importante trabalho, de onde se destaca um letreiro magnífico:
- Encadernações de Livros, outras publicações e Bíblias...
Fiquei a pensar:
- Então será que Bíblias não são livros no Brasil?!...

ASSISTINDO SHAKESPEARE

Após deixar a Prefeitura de São Paulo, no final dos anos 80, Jânio Quadros foi à Europa com a sua esposa, Eloá, para desopilar.
Em Londres, decidiu ir assistir a uma apresentação da peça Otelo, de Shakespeare.
Estava o teatro no maior silencio, quando se ouviu um resmungo de Jânio:
- Pó que você me deu esta cotovelada, Eloá?
Dona Eloá, envergonhada com o escândalo, murmurou:
- Pra você ver o seu vizinho como estava dormindo! Imagine dormir numa peça dessas!
Jânio:
- E precisa me acordar com uma cotovelada só pra contar isto?

CAUSAS DIFÍCEIS

O general Artur Costa e Silva, o ditador do AI-5, recebeu o vice-lider da Arena, Eurico Resende (ES), e não economizou elogios:
- Gosto muito da forma como o senhor defende o meu governo...
- Presidente, sou advogado criminalista há trinta anos! – disse Resende.
Ao perceber o constrangimento do ditador com a sua resposta, completou:
- É que estou acostumado a defender causas difíceis...

DIALOGO DE MARIDO E MULHER

O vereador António de Babá trabalhava dois dias por semana na Câmara e o restante na agricultura.
Já era tardinha quando chegou em casa, naquele dia, puxando a enxada, com o semblante cansado.
Maria, sua esposa, indagou curiosa:
- Tu vai se servir deu, hoje, Ontôin?
António, visivelmente cansado, respondeu enfadado:
- Hoje não Maria.
Maria se afastando:
- Então, eu vou lavar só os pés...

UM MINISTRO ESPAÇOSO

O rechonchudo Rafael Greca era ministro do Esporte e Turismo e foi a ITB 2000, a mais importante feira de turismo do planeta, em Berlim.
Um diplomata o acompanhou ao luxuoso hotel Berlim Hilton e se despediu. Minutos depois recebeu um telefonema de um aflito assessor de Greca:
- O ministro não entra no quarto do hotel... ele não cabe!
Greca só entraria no quarto depois que quase toda a mobília fosse retirada pelos espantados funcionários do hotel.
Deixaram a cama!...

GOSTO PELO PÉ DE GALINHA

O deputado Edivaldo Mota gostava de aprontar.
Depois de ter feito as pazes com Ernani Satyro, Edivaldo topou a contragosto fazer campanha com ele, na região de Patos.
Naquele dia, chegaram à casa de um correligionário. Edivaldo mais que depressa foi até á cozinha e disse para a dona da casa:
- O Governador adora um pé de galinha.
Ela:
- Vixe, é mesmo? Pode deixar!
Foi o que deu. Quando Ernani se sentou para almoçar, a mulher esparramou uma travessa só de pé de galinha para ele:
- Soube que o senhor gosta...
Ernani, que detestava pé de galinha, não se conteve:
- A amiga velha matou galinha ou uma centopéia?

DIA DA CAÇA

Getúlio Vargas jamais esqueceu: o general Newton Cavalcanti que foi um dos que mais conspiraram pela sua derrubada, em 1945. cinco anos depois, em 1950, Getúlio venceu as eleições e o mesmo general Newton, chefe da Casa Militar do governo de Eurico Dutra, coordenava a transição para o novo governo.
Getúlio fumava o seu charuto quando recebeu a visita do militar.
Ele fechou os olhos e perguntou felino:
- Veio me prender, general?

RESOLVA O PROBLEMA ANTES QUE ELE SE TORNE UM PROBLEMA

Ele não tem posição definida na empresa. Ele não tem chefe. Ele não tem computador. Ele não tem endereço de e-mail. Ele não é remunerado. Na maioria das empresas, ele trabalha todos os dias. Em algumas empresas, ele é o cara que mais trabalha.
Ele se chama Tempo. É o principal recurso humano da complacência, do marasmo, da apatia, do passado e até da concorrência. É o mais antigo de todos os recursos.
Quando as coisas ainda estão ruins, chama-se o Tempo. Quando não queremos enfrentar alguma verdade, chama-se o Tempo. Quando não queremos confrontos, chama-se o Tempo. Quando estamos indecisos, chama-se o Tempo. Deixemos, ele, o Tempo, se encarregar de fazer as mudanças que nós não queremos fazer. Deixemos, ele, o Tempo, trabalhar por nós.
No existe isso. Não existe essa coisa de deixar para o Tempo resolver por nós.
Mesmo quando a Terra dá a sua volta diária ao redor do Sol, é o planeta que faz um esforço tremendo para se mover, e não o Tempo. O movimento ao redor do Sol é feito pela Terra, e não pelo Sol ou o Universo.
Quando plantamos uma semente no solo, e deixamos ali para o Tempo fazê-la crescer, não é o Tempo que se encarrega do futuro da planta, e sim os elementos do solo, que ao receberem a semente por ali começam a se movimentar em direção a ela para ajudá-la a crescer.
Quando você deixa algo para o tempo resolver, você na verdade está deixando algo para alguém, ou alguma coisa, resolver para você. O Tempo não existe, nós fazemos o tempo.
Quando você deixa de ligar para um cliente para se relacionar com ele – o Tempo não faz nada além de marcar o Tempo para – alguém fará esse relacionamento para você. Quando você deixa um problema de lado, para que o Tempo se encarregue dele, alguém o faz para você.
Nós no podemos domar o Tempo. Esse não é o ponto. O ponto é você fazer o melhor Tempo. Bater o seu próprio recorde de fazer as coisas. Trocar a unidade de medida; segundos pela unidade de medida idéias. Minutos por ações, horas por momentos.
A pior coisa na vida é deixar o Tempo cuidar dela. Deixar o Tempo determinar o melhor momento de fazer alguma coisa. No acreditar que o minuto que você vive nesse momento é o mais critico de todos os minutos.
Como ser indispensável? Resolva o problema antes que ele se torne um problema. Não conte com o Tempo para isso.

‘Rocha & Coelho’

O POETA

Trabalha agora na importação e exportação. Importa metáforas, exporta alegorias. Podia ser um trabalhador por conta própria, um desses que preenche cadernos de folha azul com números de deve e haver. De facto, o que deve são palavras; e o que tem é esse vazio de frases que lhe acontece quando se encosta ao vidro, no inverno, e a chuva cai do outro lado. Então, pensa que poderia importar o sol e exportar as nuvens. Poderia ser um trabalhador do tempo. Mas, de certo modo, a sua prática confunde-se com a de um escultor do movimento. Fere, com a pedra do instante, o que passa a caminho da eternidade; suspende o gesto que sonha o céu; e fixa, na dureza da noite, o bater de asas, o azul, a sábia interrupção da morte.

Nuno Júdice

FÉ NO EMPREGO

Getúlio Vargas resolveu mudar a denominação de muitos municípios brasileiros, em 1938, e acabou gerando confusão. Na Paraíba, Misericórdia virou Itaporanga, pela vontade do prefeito Praxedes Pitanga.
A oposição protestou. Em meio à guerra, numa missa, um funcionário da prefeitura rezou em voz alta:
- Salve Rainha, mãe de Itaporanga...
O padre reclamou, ele explicou:
- Mas, seu padre, se a gente disser misericórdia o Praxedes demite...

INDAGANDO A TESTEMUNHA

Durante a instrução de um crime por estrupo, o Juiz convoca as testemunhas para depor. Elas se acomodam e aguardam.
Então, o magistrado se dirige a uma das testemunhas e indaga com a cerimônia que o caso exigia:
- A senhora foi arrolada por quem?
A testemunha, imediatamente, se levanta e aponta na direção da jovem vitima do suposto estupro:
- Epa! Eu não tenha a ver com isto não, excelência! A rolada foi nela!...

EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA – 3 – QUEM AGUENTA TUDO ISSO

E você deve cuidar das amizades, porque são uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo.
Todos os dias, tomando o cuidado de não cair na rotina.
Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução.
Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.
Na minha conta são 29 horas por dia.
A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!!
Tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos e seus pais.
Beba o vinho, coma a maça e dê a banana na boca da sua mulher.
Ainda bem que somos crescidinhos, seno ainda teria um Danoninho e se sobrassem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maça, tenho que ir ao banheiro.
E já vou, levo um jornal...
Tchau...

‘Luis Fernando Verissimo’

EXIGÊNCIAS DA MIDA MODERNA - 2 – QUEM AGUENTA ISSO

Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.
E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada.
Só para comer, serão cerca de oito horas do dia.
E não se esqueça de escovar os dentes depois de comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maça, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três horas, desde que você não pegue transito.
As estatísticas comprovam que assistimos a três horas de TV por dia.
Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).

‘Luís Fernando Verissimo’

EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA - QUEM AGUENTA TUDO ISSO – 1

Dizem que todos os dias você deve comer uma maça por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C.
Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir os diabetes.
Todos os dias se deve tomar ao menos dois litros de água.
E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão.
Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também.
Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso
Um copo de cerveja, para... não me lembro bem para o que, mas faz bem.
O beneficio adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias; deve-se comer fibra.
Muita, muitíssima fibra.
Fibra suficiente para fazer um pulôver.

‘Luis Fernando Veríssimo’

terça-feira, 20 de maio de 2008

MEDO DE AVIÃO

Israel Pinheiro era presidente da Cia Vale do Rio Doce e tentava convencer um engenheiro americano, recém contratado, a embarcar num pequeno avião para uma jazida pertencente à empresa.
O americano morria de medo de avião, mas Israel garantiu que o bimotor era seguríssimo.
Quando chegaram ao aeroporto Santos Dumont, o americano entrou em pânico: o aviãozinho era um minúsculo monomotor.
- O Sr. me disse que era um bimotor... – queixou-se o gringo.
- Pois é, são dois motores. Um fica no avião e outro na revisão.

A CARROÇA DE AGNELLO

O promotor Agnello Amorim foi dos primeiros paraibanos a comprar carro russo, após o presidente Collor de Melo abrir o mercado revoltado com as carroças brasileiras.
Agnello adquiriu um vistoso jeep Niva, da Lada. Aí, após alguns dias, passou o encanto com o carro, que também parecia uma carroça. Agnello tentou trocá-lo. Mas, não surgiam interessados.
Um dia, Agnello estacionou o jeep para encontrar amigos e, quando voltou, o carro tinha sido roubado. Então, em vez de prestar queixa na policia, foi até ao jornal pra bota um anuncio:
- Ladrão, faça-me um favor. Venha logo buscar os documentos do carro.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

POR QUE SERÁ QUE OS CABELOS E AS UNHAS AINDA CRESCEM NO PÓS-MORTE

Parece mágico,mas é verdade. Pode, inclusivamente, parecer assustador, mas tem explicação cientifica. A resposta, conforme especialistas está nas células. Isso mesmo. Nas células. O tema é recorrente em filmes de terror: abre-se o caixão e depara-se com um defunto apodrecido com unhas e cabelos compridos.
Mas por qual motivo, afinal, o cabelo e as unhas continuam crescendo depois que morremos?
A morte cerebral ou parada cardíaca do ser humano é diferente da morte das células. Segundo os especialistas na matéria, as células ainda continuam vivas depois que a pessoa é considerada morta.
O corpo humano é composto por diferentes células e cada uma delas possui um tempo de viabilidade diferente, tanto que é possível fazer transplante de órgãos e mantê-los preservados após a retirada.
As unhas e o cabelo continuam a crescer após a morte, mas este estímulo pára algum tempo depois porque as reservas do organismo se exaurem.
É difícil estipular o tempo exato para o final do crescimento, e acredita-se que não exista uma diferença significativa entre os diferentes tipos de pessoas e peles.

MULHER CALADA...

A mulher nem dormindo está calada...

‘Francisco Moniz’

MISTÉRIO

Tudo é a ponta de um mistério. Inclusive os fatos. Ou a ausência deles.

‘Guimarães Rosa’

QUANTO VALE UMA MULHER

Para um homem apaixonado toda a mulher vale quanto ela lhe custa.

‘Hororé de Balzac’

PROVERBIAL

Esse provérbio é espanhol: cria corvos que um dia eles te arrancarão os olhos.

MORTE

O cigarro mata. É só ter paciência…

IDÉIAS

Não é triste mudar de idéias; triste é não ter idéias para mudar!

‘Barao de Itararé’

OS DOIS TIPOS DE ESPOSA

Há dois tipos de esposas: a que arruma a casa e a que se arruma

‘Leon Eliachar’

MALDIÇÃO GRATUITA

Como o pássaro que foge; e a andorinha que voa a maldição gratuita não atinge a sua meta.

FALSO BRILHANTE

Deixo ir embora o sentimento falso brilhante estressado de noites mal acordadas em ciúmes crises crimes acontecidos onde os olhos postos adivinham acreditam na hora esperada dos lamentos a perda: o sentimento recolhido em folhas perdidas de invólucros remetidos sem destinatário.

Pedro Du Bois

FABULA ANTIGA

No princípio do mundo o Amor não era cego; Via mesmo através da escuridão cerrada Com pupilas de Lince em olhos de Morcego. Mas um dia, brincando, a Demência, irritada, Num ímpeto de fúria os seus olhos vazou; Foi a Demência logo às feras condenada, Mas Júpiter, sorrindo, a pena comutou. A Demência ficou apenas obrigada A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou, Como um pobre que leva um cego pela estrada. Unidos desde então por invisíveis laços Quando a Amor empreende a mais simples jornada, Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os passos.

António Feijó

A ORDEM DOS PRONOMES

Governador de Minas, Benedito Valadares trocou as bolas durante um discurso, na exposição de gado do município de Curvelo.
- Já determinei à Caixa Econômica e aos bancos do Estado a concessão de empréstimos agrícolas a prazos curtos e juros longos!
- É o contrário, governador! – corrigiu um fazendeiro.
Ele respondeu, na bucha:
- Desde que o dinheiro venha, os pronomes não têm importância!

A MEU FAVOR

A meu favor; tenho o verde secreto dos teus olhos Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor O tapete que vai partir para o infinito esta noite ou uma noite qualquer A meu favor As paredes que insultam devagar Certo refúgio acima do murmúrio Que da vida corrente teime em vir O barco escondido pela folhagem O jardim onde tudo recomeça.

Alexandre O'Neill

sábado, 17 de maio de 2008

DO INFINITO

Vagar pelos rastros da estrelas contigo ser impossível debulhando os grãos do Tempo pelos prados da graça atrelados à cauda da brisa sideral os olhos colorindo os espaços virgens desdobrando lâminas de eternidades recompondo os séculos acumulados na ordem plácida da alma sem partida nem chegada sem saber como os deuses não iniciados matéria florindo o instinto corpos apenas corpos ondulantes na lentidão sagrada da harmonia.

R. Roldan-Roldan

E QUANDO CHOVE…

A cidade amanhece debaixo de um céu borrado de tintas magoadas que escorrem do outro lado do planeta. É o mundo que não consegue reprimir o pranto olhando para dentro de si mesmo.
Chove sem tréguas neste lugar por demais marejado, que o sol em sua tabuada de luz, parece ter refugado além da conta.
Em cada vidraça, goteja um arabesco de desgostos desenhado de mil formas diferentes.
Na cidade, as chuvas costumam ser mesmo tristes. O chumbo derretido das nuvens, desce do alto para se juntar às tragédias empoçadas sobre o leito da terra e acabam estagnadas em boqueirões de tristezas profundas.
Nas terras altas do Karawa-Tã é diferente. Quando a natureza faz tenção de chuva, eles dizem por lá:
- Está bonito pra chover...
E chove bonito sobre a pelagem dos marmeleiros, encharcando a curva dos outeiros com a mesma languidez da chita molhada sobre o colo das moças donzelas que sequer tiveram tempo ainda de desabrochar.
A terra toda se aveluda.
E precisava? O que ela queria mesmo em sua alma vegetal era mesmo se desnudar de corpo inteiro, para se oferecer melhor às caricias do vento e da chuva.
É assim por lá.
No desalinho destes arruados cheirando a musgo molhado e ao que restou dos velhos quintais abandonados ao pisoteio das folhas mortas, as enxurradas afogam os gostos mais antigos, justamente aqueles que nunca aprenderam a nadar.
As pessoas acabam descobrindo recados clandestinos ainda mais tristes o enxergar o mundo através dessas vidraças por onde escorrem e se escrevem o lacrimejar dos destinos mal traçados pela caligrafia da chuva nos cristais insondáveis da vida.
E nas entrelinhas dos dizeres da chuva começam logo a surgir o que nem sempre as lembranças são capazes de lembrar na solidão dos sítios da memória.
Finda a gente exumando aqueles velhos papéis desbotados que jaziam no mausoléu das gavetas condenadas, embalsamados em dores que doem mais quando expostas à lousa fria das saudades.
Ah, como chove triste nos arruados desalinhados desta vida...

‘Luiz Augusto Crispim’

MEMÓRIA LONGÍNQUA

Rosário de contas, se tendes de vos romper, rompei-vos; se tendes de durar, a minha resistência enfraquecerá. Vi apenas a sua sombra no Rio das Abluções, mas ele não tem coração e eu sofro com a minha dor. Quando olho à minha volta, no silêncio que antecede a aurora, a noite ainda é escura, perturbada por sonhos.

Shikishi

MORFEU, DEUS DO SONO

Benedito Valadares, interventor de Minas, conversava com o amigo Ciro dos Anjos quando, de repente, levou a mão à boca, num longo bocejo:
- Vou dormir, Ciro, entregar-me aos braços de Orfeu!
- Faltou um M, doutor Benedito – corrigiu o amigo.
- Orfeu é instrumento musical, Ciro. Eu estou é com sono mesmo...

O JOGO DAS CONTAS DE VIDRO

Qual alvo tisne, a lua tinge a noite em tons argênteos, grises, plúmbeos, brancos. A escuridão se esquina e cinge os flancos, mal traçando o recanto em que se acoite. O luar, com mãos de seda, audácia e zelo, retira à noite o véu que a cobre espúrio; e ilumina, de lilás a purpúreo, tudo o que ao sol vai do azul ao vermelho. À lua, o chão rural é mais bucólico e o mundo urbano é um tanto mais insólito do que revelam ser à luz do sol? Talvez... Assim, qual lua, sem luz própria, do corpo da poesia o poeta é cópia — sinal especulado do farol.

Luís Antonio Cajazeira Ramos

O MISTÉRIO DAS LIVRARIAS

Não há lugar em que eu entre com mais reverencia e respeito do que numa livraria. Acho que até mais do que numa igreja. Sim, porque independente de crenças, os templos inspiram acatamento, sejam de qualquer religião. Afinal, assim como a beira de um mar ou de um rio, uma majestosa montanha, os altares, os santuários tudo o que convida à instrospecção provoca uma grave sensação. Um hiato de paz, de lembrança das coisas eternas.
Mas, as livrarias guardam um sublime clima de mistério e respeito. Tão diferente de uma loja de carnes, um açougue, uma farmácia, ou um supermercado...
Nas livrarias a gente sente uma energia diferente. Quantos segredos estão ali guardados naqueles livros. Quanta fantasia, quantas confissões, confidencias, desabafos, mentiras e sinceridades, enfim, parece que o pensamento humano está todo ali entesourado. E claro que está. A história, a ciência, a filosofia, tudo acomodado dentro daqueles volumes.
As lojas de livros são geralmente silenciosas, e as pessoas que nelas trabalham nos dão a impressão que também são afeitas à leitura. E por isso, decerto, mais educadas. As grandes e modernas são aconchegantes, têm espaços de estar, recantos de leitura, e até cafés. A gente fica sem saber por onde começar.
Transitando ao léu, por um dos corredores com livros de um lado e de outro, comecei a sentir que eles exibiam um desejo de serem vistos, tocados, puxados da prateleira. Quem sabe até uns não ficam com inveja de outros que costumam “sair” com mais freqüência. E lá vinha uma senhora graúda, toda enfeitada, com brincos e colar, o perfume chegando primeiro. Foi então que ouvi dois livros de filosofia comentarem um para o outro:
“esta certamente não nos vai puxar... Vai passar direto para o café ou para a ala da culinária”.
Os de religião, apesar de ficarem na mesma seção, não se questionaram. Seguem à risca o conselho de que “gosto e religião não se discutem”. O máximo que podem ter é algum sentimento de superioridade. Os compêndios budistas, por exemplo, devem pensar que, por serem vestustos, merecem mais respeito. Pensei escutar até a Bíblia falando ao “Top Te Ching”, apontando para o Livro dos Espíritos , de Kardec:
“aquele fedelho, que tem pouco mais de cem anos, já está se julgando o tal!... E até que ele é procurado, viu?” Mas, o “Tão”, que também se sente o tal, amenizou o despeito dizendo: Deixa ele... é bom que venham as novidades. Assim, nós que já temos milênios de idade, vamos sempre ver gente nova por aqui...
Dobrei a esquina e entrei na ala de literatura universal. Ali estavam Dante, Shakespeare, Goethe, Nietzsche, Tommas Mann, Dostoiewsky, todos extremamente bem vestidos. É um respeitável corredor. Quanta influencia eles causaram e ainda causam à humanidade.
Mas, já era hora de sair. Acenei mentalmente para os livros, e comunguei mais uma vez com silenciosa reverencia àquele espaço mágico. Tão mágico como a vida que me esperava lá fora...

‘Germano Romero’

SE EU DEIXASSE

Se eu deixasse
algum presente a você,
deixaria aceso o sentimento de amar
a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo
o que foi ensinado pelo tempo afora.
Lembraria os erros que foram cometidos
para que não mais se repetissem.

Deixaria para você, se houvesse o
respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão; o trabalho.
Além do trabalho; a ação.
E quando tudo mais faltasse, um segredo:
o de buscar no interior de si mesmo a resposta
e a força para encontrar a saída.

( Gandhi)

THE WORD

I never hear the word "escape" Without a quicker blood, A sudden expectation A flying attitude! I never hear of prisons broad By soldiers battered down, But I tug childish at my bars Only to fail again!

Emily Dickinson

ABSENT

From you have I been absent in the spring, When proud-pied April, dressed in all his trim, Hath put a spirit of youth in every thing, That heavy Saturn laughed and leaped with him. Yet nor the lays of birds, nor the sweet smell Of different flowers in odour and in hue Could make me any summer's story tell, Or from their proud lap pluck them where they grew. Nor did I wonder at the lily's white, Nor praise the deep vermilion in the rose; They were but sweet, but figures of delight Drawn after you, you pattern of all those. Yet seemed it winter still, and you away, As with your shadow I with these did play.

William Shakespeare

BILHETE

Eis que te ofereço meu coração como uma flor e espero que as tuas mão que são as minhas mãos saibam pegá-lo como quem pega um pássaro cheio de pétalas ou um simples ninho que ainda não desfolhou. Este é o meu coração de homem e de poeta e a haste, de onde o tirei, sangrou.

Natalício Barroso

LUZES

Apagados em luzes desdizemos os caminhos percorridos: escondemos as verdades e rimos da obviedade do medo. Estremecemos ódios e jogamos no lixo a história. Apegados às luzes duradouras das estrelas, permanecemos em sombras e apertamos contra o peito o tesouro: metal sonante e a lembrança da carta recebida em resposta. Apostamos a vida em derradeiros avisos. Afogados em luzes contraímos dívidas necessárias aos acordos. Acordamos cedo e no trabalho de voltar para casa ressonamos. Apaixonados em luzes descobrimos a dor e o extremo.

Pedro Du Bois

MISÉRIAS

Ele se partiu Em tantos Não deixou evidências De existência Uma fissura no vento Reverteu a tempestade iminente Os campos minados da alma Refletiram misérias temporais Dos lábios famintos O beijo arrancado em raiz Quebrou o sentido do mundo.

Cida Sepúlveda

O RASTO DE LUZIA

A voz dela no silêncio foi numa manhã com pardais e penitências. Havia uma bulha de crianças, um carro de polícia rondando as cercanias. Veio do sonho pôr termo ao sono; em vigília, os mártires sangravam no horizonte, feito constelação em junho. Algo nela supliciava uma antiga chaga, disfarçava uma vocação para espantalho; o batom muito doido que ela usava ou seu perfume desviava minha inclinação para lides de padres. Um treco inefável nela me fazia grande, chamava-me para a vida possível com seus andrajos e suas belezas, a voz de Deus e seus desafios, o trem de carga, o combate, a fuligem, a mesa com moscas e bibelôs orientais. Era bonita como fogo de obus, bela como as intenções do alferes. Foi nácar para os olhos moribundos, sândalo nas narinas dos desesperados. Numa esquina, melhorou os acordes que um diabo dedilhava numa viola velha. Para estar apta para gozo como ela uma menina verteu. Talvez fosse Marisa, sua presença ameaçasse a verdade da morte e do ódio com poderes de fada, fogo, furor, brisa. Segui seu rasto por nove trilhas; nove vezes chamei seu nome. Perdi-a Sua presença aqui veste-se de dor. Faz sentido.

Erorci Santana

P DE PALAVRA E DE PEDRA

Palavras às vezes pesam como pedras ferem a boca como pedra que se mastiga. Agudas, acertam rápidas como pedras dirigidas esfriam como pedras frias na boca ressentida pensam e pedram como pedras no caminho.

Ieda Estergilda

REINÍCIOS

Reiniciados tempos onde nos escondemos dos encontros atrasados era para termos voltado e a casa ainda está fechada em retornos surpresas delimitam os sonhos em atos encenados de operetas ligeiras através das nuvens escuras das saudades reencontrar é o termo correto esboçado no gesto com que a mão descansa no ombro do amigo ruas não resolvidas em distâncias maiores que as fortunas acumuladas desfrutadas em fragmentos, o quase nada das pedras colocadas de forma estéril reafirmamos os votos da juventude e nos voltamos ao futuro indelével dos planos ultrapassados arcabouços não completados no desenrolar silencioso das águas passadas ultrapassamos os tempos de cuidados e somos deixados em cantos onde nos espreitam espíritos menores alçamos vôo e nos acomodamos na fria aragem trazida pela corrente onde os elos prendem passados inúteis nos acompanham sombras e imagens retalhadas do que não esquecemos estrearemos novas faces esplendorosa em máscaras deslocada sobre o rosto prontos ao delírio dos animais sedentos a fome nos fará destino encurralado entre quatro paredes reafirmamos votos de beleza e a pobreza como esteta apura a lâmina em que se opõe o resto restará o perfume desses anos atribulados em vidas necessárias na solidão em que nos encontramos nos reconheceremos pelas vozes e nos diremos graças:lamentos divididos em justas porções igualitárias cada um terá direito ao quinhão dos enredados fatos não acontecidos do que houve residirão os dias futuros e as visões se farão largas no pouco que restar da vista.

Pedro Du Bois

SENTIMENTO

Tudo que me alegra me entristece Nesta teia de conversas e dispersos O rosto do amigo é inconstante A ferida do tempo me consome Some o olhar por onde passa Não deixa marca nem abraço Rastro de saudade Qualquer laço Fere o sonho tal retrato Cai a chuva a pétala a tez São soluços de outono Carmins nativos violados.

Cida Sepúlveda

TESTAMENTO

Sou também um livro que levantou dos teus olhos deitados. Em tudo o que riscavas, queria um testamento. Assim recolhia os insetos de tua matança, o alfabeto abatido nas margens. Folheava os textos, contornando as pedras de tuas anotações. Retraído, como um arquipélago nas fronteiras azuis. Desnorteado, como um cão entre a velocidade e os carros. Descia o barranco úmido de tua letra, premeditando os tropeços. Sublinhavas de caneta, visceral, impaciente com o orvalho, a fúria em devorar as idéias, cortar as linhas em estacas da cruz, marcá-las com a estada. Tua pontuação delgada, um oceano na fruta branca. Pretendias impressionar o futuro com a precocidade. A mãe remava em tua devastação, percorria os parágrafos a lápis. O grafite dela, fino, uma agulha cerzindo a moldura marfim. Calma e cordata, sentava no meio-fio da tinta, descansando a fogueira das folhas e grilos. Cheguei tarde para a ceia. Preparava o jantar com as sobras do almoço. Lia o que lias, lia o que a mãe lia. Era o último a sair da luz.

Fabrício Carpinejar

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A TROCA DE NOMES

Dois deputados federais faziam turismo no Pantanal, quando se perderam à noite e acabaram saindo na fazenda de uma viúva, onde foram acolhidos.
Dia seguinte, eles se despedem dela muito agradecidos. Nove meses depois, João liga para José:
- Lembra daquela viúva rica do Pantanal?
José:
- Sim.
João:
- Você se levantou de madrugada pra visitar o quarto dela, é?
José, assustado :
- É, foi...
João:
- Você por acaso deu o meu nome em vez do seu, na hora H?
José:
- Desculpe, mas dei...
João:
- Pois o advogado dela acabou de me telefonar pra dizer que... ela morreu e deixou tudo pra mim!

O SILENCIO E AS PALAVRAS

“Poucas pessoas se dão conta de como a sabedoria e prudência têm as suas raízes no silencio”

Não é por acaso que o dito popular eternizou o celebre provérbio:
“Quem muito fala, muito erra”.
Com certeza, saber ficar calado, quando o silencio é estratégico, é condição ‘sine qua non’, para uma vida melhor.
De todos os órgãos do corpo humano, a língua é um dos menores, muito lembrada quando o assunto é degustação de uma boa comida ou os beijos de uma forte paixão. Mas a língua é mais do que sensibilidade, ela é força de vida ou de morte..
Manter o silêncio não implica uma postura de passividade diante da vida, e nem das pessoas. Não é abrir mão dos seus direitos escondendo o medo atrás de um silencio patológico. Saber calar, neste contexto, é a arte de saber viver.
A vida e a morte podem estar na ponta da língua.

‘Estevam Fernandes de Oliveira’

O PODER DOS PENSAMENTOS – 4

Quando a sua mente se perturba o seu corpo sente os distúrbios. Todo o sistema nervoso se agita. Desta maneira, controle a raiva pelo amor. A raiva é uma energia poderosa que pode ser controlada pela razão, pelo desenvolvimento de virtudes como paciência, compaixão, bondade.
O pensamento é uma verdadeira ação. É tão contagioso como uma gripe. Um pensamento bom em você produz pensamentos bons naqueles com quem convive. Um pensamento de rancor gera vibrações semelhantes nas outras pessoas.
Um pensamento alegre, de felicidade cria em outras pessoas pensamentos de felicidade. A gente fica feliz ao ver um grupo de crianças alegres, brincando, dançando e rindo.
Você se torna aquilo que pensa. Esta é uma lei psicológica importante. Pense ‘sou forte’, e ficará forte. Pense ‘sou um sábio’ e será um sábio. Pense ‘sou saudável’ e se tornará saudável.
O pensamento é a única coisa que amolda e estrutura o ser humano. Seu presente é o resultado de seus pensamentos passados e seu futuro seguirá a direção dos seus pensamentos presentes. Se você pensa corretamente, falará e agirá corretamente. As palavras e os atos são simplesmente uma continuação do pensamento.

‘Brígida Brito’

quarta-feira, 14 de maio de 2008

ABDICAÇÃO

Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho. Eu sou um rei
Que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mãos viris e calmas entreguei;
E meu ceptro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços.
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas, de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.

Fernando Pessoa

ALGARAVIA

A palavra vem do árabe al arabya e quer dizer, sem tirar nem pôr, a língua árabe. Tempos depois da expulsão dos árabes da Península Ibérica, fim de um domínio de mais de 700 anos – duração maior que a existência do Brasil – é que algaravia passou a significar gritaria, confusão, mixórdia, coisas difíceis de entender, charabiá. Foi quando o vocábulo deixou de ter essa conotação exclusiva e passou a designar, indiferentemente, qualquer fala confusa. O comediante mexicano Cantinflas, nos anos 50, fez o mundo dar boas gargalhadas com o seu linguajar de fluência ao mesmo tempo veloz e embromativa. Não propriamente uma algaravia, mas com efeito semelhante, levando os interlocutores à perplexidade...

‘Márcio Cotrim’

AMOR DO PRAZER E AMOR DA ACÇÃO

Há duas tendências muito naturais que podemos distinguir nas mais virtuosas e liberais disposições: o amor do prazer e o amor da acção. Caso o primeiro seja refinado pela arte e a ciência, melhorado pelos encantos do convívio social e corrigido pelo justo cuidado com a economia, a saúde e a reputação, ele origina a maior parte da felicidade da vida privada. O amor da acção constitui um princípio de natureza mais forte e duvidosa. Conduz, frequentemente, à ira, à ambição e à vingança; mas sempre que é dirigido pelo sentido do decoro e da benevolência, torna-se o pai de todas as virtudes e, caso estas virtudes se façam acompanhar de talentos iguais, uma família, um Estado ou um império podem ficar a dever a sua segurança e prosperidade à coragem intrépida de um só homem. Ao amor do prazer podemos, assim, atribuir a maior parte das qualidades agradáveis, e ao amor da acção a maioria das que são úteis e respeitáveis. Um carácter em que ambos pudessem unir-se e harmonizar-se pareceria constituir a noção mais perfeita da natureza humana.

Edward Gibbon, in Declínio e Queda do Império Romano, ed. D. M. Low, trad. Maria Emília Ferros Moura

APENAS UMA COISA

Existe amor?
Palpável como o dia,
como a matéria com que é feito o objeto
chamado mesa, catedral ou baço
nutrindo em tantas coisas?
Como amar
esta incorpórea substância carnal,
este lampejo de chão no infinito?
Existe amor?
Palpável como a terra?
Debaixo ou sobre a terra, ainda carne,
algum finado saberá do amor,
essa chama votiva a brilhar ainda?
Amou Torquato a Maria? Amou deveras?
Digam-nos os anjos corcundas do além,
a ave agoureira ao céu crucificada,
o revoar de asas na papal coroa.
Amou Torquato a Maria, ainda carne?
Ama Maria a esse pó apenas nome
legado aos filhos como letra morta,
como moeda gasta em mão mendiga?
Chupando um dedo só, o amor se alimenta.

Nauro Machado

APENAS UMA COISA

Existe amor?
Palpável como o dia,
como a matéria com que é feito o objeto
chamado mesa, catedral ou baço
nutrindo em tantas coisas?
Como amar
esta incorpórea substância carnal,
este lampejo de chão no infinito?
Existe amor?
Palpável como a terra?
Debaixo ou sobre a terra, ainda carne,
algum finado saberá do amor,
essa chama votiva a brilhar ainda?
Amou Torquato a Maria? Amou deveras?
Digam-nos os anjos corcundas do além,
a ave agoureira ao céu crucificada,
o revoar de asas na papal coroa.
Amou Torquato a Maria, ainda carne?
Ama Maria a esse pó apenas nome
legado aos filhos como letra morta,
como moeda gasta em mão mendiga?
Chupando um dedo só, o amor se alimenta.

Nauro Machado

ARTES MARGINAIS – AS AVES

1
Diversas, pousam-nos, habitam-nos
por dentro, as aves. Por que milagre
ainda quando negras voam branco?
As aves abundam nos antigos caminhos:
umas são comestíveis, outras têm cores.
O bico, um certeiro utensílio.
Aves flutuantes, a quem são vulneráveis
tão íngremes lugares, convosco
transportai nossas dores, aflições.
Oh, rogai por nós, que recorremos a vós.
Dispensai à funda cidade a graça
de vosso olhar oblíquo e concentrado,
olho após olho, com método
revezado. Alcançai dos astros, de
2
quem sois vizinhas e rivais,
cálidas disposições
favoráveis.
Por que voareis, senão por nosso
(que vos adoramos) benefício?
Depositai-nos nas sôfregas gargantas
gases raros, vitais, trazidos no
precário recipiente dos bicos:
tudo o que venha da altitude tem
um nome ao som do qual nos prostraremos.
As aves, as aves!, a asa refeita
e veloz sobre as cabeças, sobre o vale
de lágrimas, seus guinchos povoando
a tensa solidão desta viagem.
3
Lugar às aves: às que voando
perturbam as vísceras do tempo;
às que nem sempre trazem cura,
mas sim no bico perverso
alimentos letais; às que
(advogadas nossas!)
(de tantas cores!) nos devoram
os sentidos.
Lugar às aves: a gratuita
rapacidade, a existência breve,
os membros exíguos,
de improviso.
Lugar às aves, as sobrevoadoras,
mais leves, mais pesadas do que o ar.

A.M. Pires Cabral – In: Modus Vivendi

BILHETE

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Mário Quintana

BOLHÃO DE SABÃO

"The art of losing isn’t hard to master."
Elizabeth Bishop
Um dia perderei a juventude,
se já não a perdi. Perdi a conta
de tudo o que perdi. Hoje o que conta
é tudo o que não sou, não sei, não pude.
Ah, chega de trilhar a senda rude
de perdas e saudade. A sorte aponta
o lugar da vertigem, vida tonta.
Resta perder a sede de altitude.
Girar... e a cada giro perder tanto,
que reste apenas giro e inconsciência,
depois que tudo for perdido. Entanto,
deixar para perder a prepotência
no último momento, quando o espanto
revele que foi tudo reticência.

Luís Antonio Cajazeira Ramos

BROADWAY

I shall never forget you, Broadway
Your golden and calling lights.
I'll remember you long,
Tall-walled river of rush and play.
Hearts that know you hate you
And lips that have given you laughter
Have gone to their ashes of life and its roses,
Cursing the dreams that were lost
In the dust of your harsh and trampled stones.

Carl Sandburg

CAMINHO PERDIDO

Se as noites envelhecessem,
se os meus olhos cegassem,
se os fantasmas dançassem
em blocos de neve
para que me ensinassem o caminho
por onde eu caminhei.
A cidade sem porta,
as ruas brancas da minha infância
que não voltam mais.
Se a minha mãe se abruma,
se o mar geme,
se os mortos não voltam mis,
se as matas silenciosas no recebem visitas,
se as folhas caem,
se os navios param,
se o vento norte apagou a lanterna,
eu tinha nas minhas mãos somente sonhos.
Eu tinha nas minhas mãos somente sonhos!

‘Manoel José de Lima – Manoel Caixa D’Água’

CHINES SÃO MESTRES DA INVENÇÃO

Uma das civilizações mais antigas do planeta, a China tem um legado indiscutível em diversas áreas do conhecimento humano. A multiplicidade do saber pode ser bem entendida se levantarmos algumas das invenções chinesas. Por exemplo, muita gente pensa que o macarrão é uma invenção italiana, mas foram os chineses quem criaram a deliciosa massa.
Seda, porcelana, guarda-chuva, fogos de artifício e imprensa engrossam a lista de feitos desse povo. São invenções que ganharam o mundo. Veja abaixo as principais:

Cerâmica de alta temperatura – 1.600 a.c
Ferro batido – 1.400 a.c.
Sistema decimal – 1.400 a.c.
Arado de lâminas de ferro – 600 a.c.
Bússola – 400 a.c.
Carrinho de mão – 200 a.c.
Besta – 200 a.c.
Papel (bambu, casca de amoreira, cânhamo e seda) – 200 a.c.
Estribo – 200 d.c.
Sismômetro – 200 d.c.
Porcelana fina – 600 d.c.
Pólvora – 600 d.c.
Papel-moeda – 1.000 d.c.
Impressão – 1.200 d.c.
Ábaco – 1.300 d.c.
Navio de carga – 1.500 d.c.

CORPO COMPLETO

Meu corpo está completo, o homem - não o poeta.
Mas eu quero e é necessário
que me sofra e me solidifique em poeta,
que destrua desde já o supérfluo e o ilusório
e me alucine na essência de mim e das coisas,
para depois, feliz e sofrido, mas verdadeiro,
trazer-me à tona do poema
com um grito de alarme e de alarde:
ser poeta é duro e dura
e consome toda
uma existência.

Nauro Machado

DENUNCIA DE FRAUDE

O juiz Antonio Pinto Sobrinho presidia as eleições de 1992, em São José de Piranhas, quando foi procurado por um candidato a vereador, dizendo-se fraudado.
Dizia ele:
- Doutor! Nesta secção votam minha mulher e eu, mas apareceu apenas um voto.
O juiz mandou recontar, mas novamente só apareceu um voto.
Então, mandou convocar a esposa do vereador, a quem indagou:
- Se a senhora votou em seu marido, onde está o voto?
Ela zangada:
- Quem disse que eu votei? Os amigos de, que não o conhecem, não votaram nele, imagina se eu, que conheço, iria votar!

DESCOBERTA

Após o ardor da reconquista
não caíram manás sobre os nossos campos.
E na dura travessia do deserto
Aprendemos que a terra prometida
era aqui.
Ainda aqui e sempre aqui.
Duas ilhas indómitas a desbravar.
O padrão a ser erguido
pela nudez insepulta dos nossos punhos.

Conceição Lima

DESTINO

“Aquella noche corrí el mejor de los caminos montado en potra de nácar sin bridas y sin estribos.”
García Lorca

Em cerdas de seda arremeto em pausa
meu coração toca arremato em pouso
música de pasto linha de nervura
nervos de galope todo corpo é frouxo
na ravina clara todo corpo é fúria
As línguas de fogo são galhos erguidos
incendeiam tufos tuas mãos ardentes
brasas de gramínea regendo canteiros
amornam primícias e a secreta rosa
no rubro casulo desvela essa tosa
Um sol veste orgasmo nas ervas das águas
e se põe arco-íris remato regato
e o jato de curva molhado regaço
alavanca a anca tão humida/mente
em forte arremesso sereno adormeço

Aníbal Beça

DESTINO MANIFESTO

De cratera em cratera
Erguer
na boca das sementes
A força contida dos vulcões

Corsino Fortes

ESCURIDÃO NOVA NA VELHA ESCURIDÃO

"Seldom we find" says Solomon Don Dance
"Half ann idea in the profoundest sonnet"
E.A.Poe
A fisionomia, o carinho das coisas impalpáveis,
o balbuciar, todo em amarelo, dos limões...
Cintura na pedra,
correio subtil de Lesbos para Marte.
Antinous visitou-me. Deixou a casa desarrumada
e um projecto em mim demasiadamente longo.
No frágil da memória eu durmo e sou eu
deuses de papelão sentando-se a meu lado.
No leito fluvial por onde dorme o cisne
chamam por mim os outros príncipes. Todos
irmãos.
Escuridão nova na velha escuridão,
efeito de luz nas janelas do poema...
O meu cão dorme. He is a poet, isn't he?

Mário Botas – In: Modus Vivendi

FAZERES

Fazer da hora terminada
o tempo decorrido
do livro lido
a folha preenchida
da encosta do morro
a terra revolvida
do grito da criança
o medo possuído
da ilusão da imagem
o reflexo consumado
e
do saber habitado
o vazio da lembrança.

Pedro Du Bois

FINIS TERRAE

O não dito
e já ignorado
que se esconde
à margem
do sentido.
O esquecido
e logo reinventado
que some
entre os tons
da manhã
entretecido.
O que visto,
e logo descartado,
emerge imprevisto
em um grito.
O grafado
mas não compreendido
que se furta à deriva
do vivido.
A brisa
que não comunicada
passa sem querer
ser ouvida.
A paisagem
não litografada,
a enseada
que olhar nenhum revisa.
O olvido
do que sempre arquivado
não guarda mais
lastro dos vivos.
O presente
nunca registrado,
tempo inócuo
que a carne
não cicatriza.
Onda breve
dentre muitas consumada
que se arma
contra todo imperativo.
A fragrância
há muito evaporada,
ave rara
que no ar desfila
intangível.
Uma palavra
que, esquecida,
vive à larga
da folha
que a mantém
cativa.
O mundo
que nos lábios
se deflagra
e morre
em um murmúrio
não em um
estampido.

Rodrigo Petronio

HORAS

Sempre me pergunto
qual seria a melhor hora
o jogador responderia a undécima
o aplicador diria a primeira
o caçador falaria na exata
o cientista comprovaria o milésimo
o religioso rezaria o angelus
o piloto pensaria no átimo
o atleta repetiria o instante
muitas mulheres não sonhariam nada
e as crianças ficariam impacientes
atrás do muro, arma em punho
o soldado sofreria a eternidade.

Pedro Du Bois

MAIS DESEJO

O meu olhar cai sobre ti
como água fresca de Verão
desliza sobre o teu corpo
possuindo-te no abandono
Tudo em ti é fascínio
porque tudo exclusivamente
os cabelos, o brilho dos olhos
os lábios, pétalas rosa
a sombra que desliza dos seios
e o tesouro intímo e mágico
que ocultas tão meigamente
na elevação planetária de deusa
O meu olhar cai sobre ti
perpassando corpo e essência
suave, ternamente, comendo-te
Derivas para dentro de nós
realizas não haver distâncias
quando assim somos encontro
vivendo este morrer e nascer
entre suspiros feitos gemidos
tão loucos tão sentidos

Manuel Martins Gaspar Tomé

MY INNER LIFE

'Tis true my garments threadbare are,
And sorry poor I seem;
But inly I am richer far
Than any poet's dream.
For I've a hidden life no one
Can ever hope to see;
A sacred sanctuary none
May share with me.

Aloof I stand from out the strife,
Within my heart a song;
By virtue of my inner life
I to myself belong.
Against man-ruling I rebel,
Yet do not fear defeat,
For to my secret citadel
I may retreat.
Oh you who have an inner life
Beyond this dismal day
With wars and evil rumours rife,
Go blessedly your way.
Your refuge hold inviolate;
Unto yourself be true,
And shield serene from sordid fate
The Real You.

Robert Service

O ACTOR DE ESCREVER - CANETA E PALABRA

A caneta:

Toda a energia do pensamento termina por se manifestar na pena de uma caneta. Claro, podemos aqui substituir esta palavra por esferográfica, teclado de computador, lápis, mas é verdade?
Voltemos ao tema: a palavra termina por condensar uma idéia.
O papel é apenas um suporte para esta idéia.
Mas a caneta permanecerá sempre com você, e é preciso saber como utilizá-la.
São necessários períodos de inação – uma caneta que sempre está escrevendo, termina por perder a consciência do que faz. Portanto, deixe-a repousar sempre que possível, e preocupe-se em viver e encontrar os seus amigos. Quando você volta ao oficio da escrita, encontrará uma caneta contente, com uma força intacta.
A caneta não tem consciência: ela é um prolongamento da mao e do desejo do escritor. Serve para destruir reputações, fazer sonhar, transmitir noticias, desenhar lindas frases de amor. Portanto, seja sempre claro em suas intenções.
A mão é o lugar onde todos os músculos do corpo, todas as intenções daquele que escreve, todo o esforço para dividir o que sente está concentrado. Não é apenas uma parte do seu braço, mas uma extensão do seu pensamento. Toque a sua caneta com o mesmo respeito que um violinista tem pelo seu instrumento.

A palavra:

A palavra é a intenção final de qualquer pessoa que deseja dividir algo com o seu semelhante.
William Blake dizia:
Tudo o que escrevemos é fruto da memória ou do desconhecido. Se eu tiver uma sugestão a dar, respeite o desconhecido, e busque nele a sua fonte de inspiração. As histórias e os fatos permanecem os mesmos, mas quando você abre uma porta no seu inconsciente, e deixa-se guiar pela inspiração, verá que a maneira de descrever o que viveu ou sonhou é sempre muito mais rica quando o seu inconsciente está guiando a caneta.
Cada palavra deixa em seu coração uma lembrança – e é a soma destas lembranças que formam as palaras, os parágrafos, os livros.
Palavras são flexíveis como a ponta da pena da sua caneta, e entendem os sinais do caminho. Frases não hesitam em mudar de curso quando descobrem, quando vislumbram uma oportunidade melhor.
Palavras têm a qualidade da água: contornam rochas adaptando-se ao leito do rio, às vezes transformam-se em lago até que a depressão esteja cheia e possa continuar o seu caminho.
Porque a palavra, quando escrita com sentimentos e alma, não esquece sue o seu destino é o oceano de um texto, e mais cedo ou mais tarde deverá chegar até ele.

‘Paulo Coelho’

O PODER DOS PENSAMENTOS – 3

Os pensamentos negativos, de preocupação e medo, envenenam a vida, destroem a harmonia, a vitalidade, a eficiência. Enquanto que os pensamentos opostos de alegria e coragem, de bom humor, acalmam em vez de irritar, curam, produzem mais criatividade e eficiência.
Aprenda e desenvolva o hábito de estar sempre de bom humor. Sorria mais. Ria mais. Treine rir e sorrir para o espelho, enquanto toma banho, dirige o carro ou digita no seu computador. O sorriso envia para o cérebro uma mensagem que tudo está bem e isto aumenta a seratonina no cérebro, produzindo um estado de bem-estar e as células soldado do corpo passam a defendê-lo melhor, aumentando a imunidade contra doenças.
O pensamento exerce influencia sobre o corpo. A tristeza na mente enfraquece o corpo. O corpo também influencia a mente. O corpo são torna a mente sã. Se o corpo é forte e saudável, a mente também é forte e saudável. Quando o corpo está doente, a mente também adoece. Daí a grande importância de cuidar do corpo e da mente.
Ataques de raiva, de mau humor espalham toxinas, produtos químicos venenosos no sangue, suprimem a secreção dos sucos gástricos, a bílis, nos canis digestivos, esgotam a energia e vitalidade, encurtam a vida e provocam velice prematura.

‘Brígida Brito’

O VENTO, A NOITE

Entristece
a tua tristeza — e canta
(os ombros modulam o vento
modulam a noite
a soberana voz
dos horizontes)
entristece
a tua tristeza
— e canta

Zetho Cunha Gonçalves

PRIMAVERA

Vem, Primavera! Abre o sendal de flores na terra,
Estende o pálio azul no espaço,
lava num beijo o firmamento baço,
traz a magia das luzes e das cores!
Com teus perfumes entontecedores, aromatiza as balsas.
Passo a passo acorda os ninhos
e de teu regaço
lança a mãos plenas rosas, esplendores.
A natureza em júbilo te espera:
aclamando-te os pássaros bisonhos
já se põem a cantar, Mãe da quimera.
E em minh'alma, entre frêmitos risonhos,
em febril disparada,
ó Primavera,
passa a galope o batalhão dos sonhos...

Mário de Lima

PROVENIÊNCIA

Venho de Elêusis a inefável
onde o arco de Hélios
Me revelou em sonho o rosto de Perséfone
No relastérion
Essa presença esquiva espero agora
Sem cessar sou jovem
A beleza persigo na terra com ardor
Das coisas feitas apenas sei
O que a um deus
Presságio algum proibe
Das coisas ditas o que a ouro debruam
As paisagens
Enquanto Perséfone escrutina
O trevo e a morte

Vergílio Alberto Vieira

A ARTE DE LAPIDAR TALENTOS

A verdadeira liderança é a arte de lapidar talentos, capacitar pessoas e formar novos lideres.

‘Thaís Aiello’

RAIVA

Nunca escreva com raiva. Raiva é para dizer palavrão.

‘Monteiro Lobato’

DOMINICAL

Se um pessoa gostar da segunda-feira, desconfie dela.

LEGALIDADE

Só no Brasil e Portugal “legal” é considerado gíria.

REFEIÇÕES

Almoce o seu inimigo antes que ele o jante a si.

RELATO DE UMA VIRGEM EM SEX SHOPS

Quando a virgindade é um estado de alma, desflorá-la obriga a ponderação - abrir brechas nos redutos de inocência envolve custos e benefícios. Num pós-lua-de-mel em Paris, comi, pela primeira vez, couscous magrebinos. Fosse pelas unhas do funcionário que tomei por encardidas, ou pela decadência no Bairro de Saint-Denis, vomitei couscous, sobremesa e nojo. Atravessei, sonâmbula e enjoada, as ruas sem sono de uma Paris de néons e farrapos que excluíra nas passagens anteriores. Do Cancan e da ambiência retro do Moulin Rouge, somente conhecia a La Goulue pintada por Toulouse-Lautrec. Lembro a perfeição dos corpos e gestos das bailarinas dali e do Lido; confirmaram a feminilidade sedutora como questão de atitude. Visita de estudo cujos ensinamentos a menina-mulher gravou. Perdida foi a virgindade em couscous e na venda das peças de carne penduradas em saltos.

Vagabundei no Bairro Vermelho em Amsterdão onde as montras mais as lojas de brinquedos adultos pasmam a carneirada turística. Emocionalmente foi inócuo, após o tumulto do espírito por cada degrau subido na casa de Anne Frank. Aqui, rasguei a virgindade na percepção vívida do Holocausto. Anos e desflorações posteriores, a minha alma, ou o que dela fizer a vez, sangrou na aldeia mártir de Oradour-sur-Glane. A memória do cerco das SS permanece incrustada no interior da igreja que testemunhou, impotente, a morte de 452 mulheres e crianças. Nos celeiros, 190 homens foram fuzilados por dois pelotões nazis. Sobra o esqueleto carbonizado de um vilarejo rural.

Talvez pelos abanões experimentados nalgumas perdas de virgindade, a cautela filtra a infinita curiosidade pelo novo. Um exterior inusitado, a lembrar comércio londrino, deteve os passos. Sólida madeira protegida com cera, montra recolhida e porta campainhada. Fosse pela curiosidade ou pela companhia, rodaram as dobradiças. No interior, há almíscar no aroma, bom gosto e silêncio. As madeiras continuam. Alinhadas nas prateleiras, as vitualhas que, presumo, costumadas. Embasbaquei perante os milagres consentidos pelos polímeros e a diversidade das fontes de prazer humanas. Embeveci com os corpetes e a originalidade das meias ditas de vidro. Deplorei a imagem das bonecas vazias espalmadas na embalagem. Havia tules feminis há muito procurados. Comprei. Dois pares de meias vieram. Um corpete de cetim, que o século dezoito não desdenharia, piscara o olho desde a entrada. Não cometi a desfeita de o abandonar pendurado. Papel reciclado como matéria do saco-embrulho. Espiga atada com ráfia honrou o dia que a comemorava.

Um objecto é, em si mesmo, inocente. A obscenidade está nos espíritos e nos actos que os preconceitos, a perversidade ou a cobardia toldam.

‘Teresa Castro’

SEPULTURA

Do latim sepultura, enterro, cova. Se, por um lado, a morte sempre foi uma certeza para o ser humano, o que acontece depois dela é e sempre será um mistério até hoje indecifrado. Céu, infinito, purgatório, reencarnação e milhares de outras possibilidades que, ao mesmo tempo nos fascinam e aterrorizam. O homem primitivo tinha tanto pavor de que os mortos voltassem que, além de enterrar os corpos, às vezes também os cremava. Com o passar dos séculos, começou a usar um caixão com tampa bem lacrada para assegurar que a alma ficaria ali, quietinha. Hoje há respeito ao falecido e feitas honrarias, especialmente no caso de pessoas importantes, e certo consenso de que a morte é apenas uma passagem. Diz-se popularmente que desta para melhor, mas será a melhor para todos, até para os tiranos e os crápulas nesta vida? Seja como for, os mortos são geralmente homenageados em suas sepulturas, alguns com lápides rebuscadas e até bem criativas. Millôr segure as seguintes opções para a sua: “Não contem mais comigo” ou “Eis aqui os meus ossos esperando pelos vossos”. Já a do saudoso Fernando Sabino recebeu os seguintes dizeres: “Aqui jaz Fernando Sabino, aquele que nasceu homem e morreu menino...”

‘Márcio Cotrim’

SOL DE NUVEM

"Outros olhos e os mesmos: o amor
diverso e idêntico no azul do peito."
Ruy Espinheira Filho

Nenhum olhar havia em teu olhar
que não fosse de nuvens sobre o Sol.
Um sol incógnito entre nuvens – tu,
depois que tudo passa, permaneces.
Enquanto multidões que te soterram
revolvem-se à procura de si mesmas,
eu cismo num torrão de balaustrada
o castelo de nuvens que desejo:
um soldado de chumbo, um potro alado,
um cisne arisco, um quase girassol
na solidão do campo de narcisos.
Qualquer céu é lembrança de teu beijo.
As nuvens se dispersam, todo o azul
revela o Sol em ti. Mas tu és nuvem.

Luís Antonio Cajazeira Ramos

SONATA PARA IR À LUA

Desnudo já me dou de mim doendo
na doação das folhas da floresta
que vão caindo sem saber-se sendo
pedaços de nós na noite deserta
A lua imponderável vai ardendo
cúmplice em nossa luz de fogo e festa
Meus braços são dois galhos te dizendo
que o forte às vezes treme em sua aresta
Esta outra face frágil de aparência
que só aos puros é dado conhecer
no abraço da paixão e sua ardência
Mesmo cego de mim eu pude ver
e sentir no teu beijo a clara essência
que faz do nosso amor raro prazer

Aníbal Beça

TERRA FEITA DE CÉU

A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.

Fernando Pessoa

TUCANOS SÃO COMO IRMÃOS

Fernando Henrique conhece bem José Serra. Por isso Itamar Franco, então presidente, chamou-o no Ministério das Relações Exteriores para opinar sobre a nomeação de serra como Ministro da Fazenda.
- O Sr. Pretende renunciar? – perguntou Fernando Henrique Cardoso.
- Não estou entendendo, ministro – respondeu Itamar, intrigado.
- é que, ao nomear Serra, o senhor vai abdicar do poder. Conheço bem o Serra, ele é da turma do “eu sozinho”, tome cuidado...
Assim, Serra acabou queimado, e Fernando Henrique Cardoso ministro da Fazenda.

TUDO O QUE NÃO É PANTANO

Sutilíssimo eterno que habita
minhas saletas interiores
onde trago o tempo guardado
noturno e resignado
sutilíssimo eterno interior
que como um tálamo é
em minha alma limpa e sofrida
como água dormida em pedra
que eterna seiva alimenta
este tempo em mim retido
plumagem livre de flor
forma exata imperecível
sinto-te assim como um trunfo
branda coroa do eterno
além das nuvens, das águas
ouço o teu metal desperto
se existes no ser completo
na cinza móvel das sombras
por que retiras de mim
tudo o que em mim não é pântano?

César Leal

VENERANDO A NOITE

Canto do povo de um lugar

Todo dia o sol levanta
E a gente canta
Ao sol de todo dia
Fim da tarde a terra cora
E a gente chora
Porque finda a tarde
Quando a noite a lua mansa
E a gente dança
Venerando a noite

Caetano Veloso

segunda-feira, 12 de maio de 2008

SENTIMENTOS DE IMPOTENCIA E VIOLÊNCIA

Um forte sentimento de impotência, permeado de desespero e de vazio existencial, tem sido cada vez mais presente na vida dos homens e mulheres. É grande a sensação de que influenciamos muito pouco nas grandes decisões que nos dizem respeito.
O estresse, a depressão e os transtornos do pânico, que antes se manifestavam de modo isolado, se configuram cada vez mais como um fenômeno coletivo do nosso tempo e parecem estar associados ao sentimento de impotência.
A impotência é a ausência de poder. Poder para gerir a própria vida. Poder para mudar o contexto opressivo que nos circunda. Poder para ser e vir a ser.
Por outro lado, nestes últimos anos a onda de violência que permeia os nossos espaços sociais, parece gerar em muitos de nós uma couraça protetora que nos impede de chegar até o outro de um modo mais aberto e afetivo. O encontro real e profundo passou a ser visto como uma ameaça.
Não obstante, ao longo da minha experiência pessoal e profissional, tenho confirmado, e reafirmado em mim, a tendência atualizante. Essa tendência construtiva presente nos seres vivos; entre eles, o ser humano. Sei que para muitos é difícil aceitá-la como realidade, ou mesmo possibilidade, sobretudo, quando consideram a onda de violência presente em quase todos os espaços.
Contudo, não podemos analisar a violência isoladamente; pois, se assim o fizermos, os fatos violentos deixarão em nós a convicção de que somente a repressão policial será capaz de controlá-los.
E nesse momento, teremos nos esquecido de que a violência é fruto, justamente, da repressão e de outras formas de violência, como a fome, o desamor e o desrespeito, entre outros.
Diante disso, tentar perceber as oportunidades que os momentos de crise podem trazer no sentido da transformação pessoal e social pode ser, realmente, muito difícil. Mas, transitar pela crise nos torna prenhe de possibilidades. E aquele que ousar pelos seus caminhos tortuosos, com garra e determinação, se transformará.
O grande mérito talvez esteja em transitar pela crise sem se fixar nela buscando saídas e contextualizando-a como um momento de grande aprendizagem e transformação.
É importante, nesses momentos, constatar o nosso potencial. E acima de tudo, acreditar no aspecto construtivo e saudável desse potencial que existe em cada um de nós e que nos faz transcender a nós mesmos, as nossas dificuldades pessoais, e aquelas que nos são impostas, permitindo-nos sair do fundo do poço psicológico em que nos encontramos.
E, assim, passarmos a ver o mundo, a nós mesmos e ao outro de um modo mais positivo e construtivo.
Abandonar as certezas duvidosas e ousar por caminhos desconhecidos é uma travessia angustiante, mas necessária.
Quando não somos capazes de nos encantar e de empatizar com a dor do outro, quando deixamos de nos espantar com as coisas desumanas que estão a nossa volta, renunciamos, de algum modo, á própria vida, haja vista que a característica mais forte que ela nos apresenta é a fluidez, feita de riscos e de incertezas.
Manter acesa a chama do espanto e d indignação dentro de si, mais que um desafio, é um ato de coragem. Fechar-se ao espanto, ante a consciência aguda dos fatos, é uma medida paliativa que se nos desprepara para o enfrentamento das coisas que a vida nos impõe.

‘Sonia Maria Lima de Gusmão’

ÔI, MÃE

Ôi, mãe, espero que pelos caminhos cósmicos (que sinto existir) este texto chegue à senhora.
Saiba que estes cinco anos e nove dias da sua ausência têm sido difíceis em alguns sentidos. Por mais que trabalhe, escreva, vá ao cinema, converse com as pessoas, leia, etc e tal, sei que nada será como antes, nunca mais. Algumas coisas perderam o sentido, eu perdi a capacidade de sorrir abertamente, como fazia antes. Não sei mais o que é isso. Passei a dormir nunca antes das cinco da manhã, pra acordar tarde e diminuir a falta daquele café das oito em que a gente conversava, depois que a senhora já tinha lido o jornal do dia e a “Veja” no final de semana. Minha casa – que, na verdade é a casa que a senhora deixou – virou quase um dormitório, como se morasse noutra cidade e estivesse num hotel.
Não gosto dos sábados, domingos, feriados, pois neles a ausência se torna maior. Tem outra coisa, mãe. Caetano cantava aquela musica, que muitas vezes coloquei no som quando morávamos na Praça Dom Adauto: “ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração dos filhos”... “Mamãe Coragem”... A senhora lembra?
Aconteceu aquele dia de 68 em que tive que partir às pressas para o Rio de Janeiro, num Caravelle da Cruzeiro, e sei que a senhora e Léu ficaram chorando. Em Dezembro completaremos quarenta anos daquele episodio. Foi uma das separações. Mas, todas as separações, mãe, eram circunstanciais. A gente voltava a se ver, até que amadureci e ficamos juntos, sob o mesmo teto, em Cruz das Armas. Em 2 de Maio de 2003, a separação foi definitiva, mãe (ao menos aqui na terra).
Tenho a impressão de que essa ficha nunca vai cair. Sempre serei errante por mais que a trajetória do cotidiano esteja programada, mãe. Seu cheiro faz falta, mãe. Seu rosto, seu andar, sua aura, seu todo.
Dedido este texto, mãe, a todos os leitores que também vivem a experiência da separação definitiva. A qualquer um que hoje não tenha mais a mãe pra dar bom dia, um beijo. Pra dizer – ou tenso, ou alegre, ou de ressaca, ou relax – “oi, mãe” e receber de volta e sempre muito mais do que um simples “ôi”... Diga a Léu, que meu sentimento a ela se estende.

‘Carlos Aranha’

FILOSOFOS INSTINTIVOS

Mães são filósofos instintivos.

Harriet Becher Stowe

COMBUSTIVEL DE MÃE

O amor de mãe é o combustível que lhe permite: a um ser humano fazer o impossível.

Marion C. Garretty

OS HOMENS SÃO...

Os homens são o que suas mães fizeram deles.

Ralph Waldo Emerson

O QUE O FILHO NÃO DIZ

Uma mãe entende mesmo o que um filho não diz.

Provérbio Judeu

TUDO O QUE SOU...

Minha mãe foi a mulher mais bela que jamais conheci. Todo o que sou, se o devo é a minha mãe. Atribuo todos os meus sucessos nesta vida ao ensino moral, intelectual e físico que recebi dela.

George Washington

PRECES DE UMA VIDA

Eu me lembro das preces da minha mãe e elas tem sempre me acompanhado. Elas se uniram a mim durante toda a minha vida.

Abraham Lincolm

O QUE IMPORTA ACIMA DE TUDO

Mãe é aquela pessoa com quem contamos para as coisas que importam acima de tudo.

Katherine utler Hathaway

FORÇA DA MATERNIDADE

A força da maternidade é maior que as leis da natureza.

Bárbara Kingsolver

PALAVRA MÁGICA

Para os ouvidos de uma criança, MÃE, é palavra mágica em qualquer língua.

Arlene Benedict

A MÃO QUE MOVE O BERÇO

A mão que move o berço é a mão que manda no mundo.

W.S. Ross

SÓ COM RETRATO

Um vereador de Araci, no norte baiano, foi à Tribuna da Bahia pedir para divulgar uma noticia importante: o ministro do Interior da época, Mário Andrezza, havia liberado recursos para o saneamento da cidade. Trazia até a foto que registrara o encontro, mas havia um problema: só aparecia metade do rosto de Andreazza.
- Não dá para publicar – informou o editor.
O vereador perdeu o interesse:
- No interior, noticia sem retrato é mentira.

LOGO AS FATURAS

O empresário Manuel Raposo, do ramo das comunicações, em João Pessoa, na Paraíba, telefonou pro seu secretário particular, e mandou que ele fosse ao Cassino da Lagoa levar a contabilidade pra ele analisar.
Enquanto isto, Raposo, pediu uísque ao garçom.
Cinco doses depois e nada do secretário. Raposo já estava ficando nervoso quando finalmente, o secretário telefonou:
- Doutor Raposo, houve um problemazinho...
Raposo, impaciente:
- E o que foi? Diga logo!
O secretário:
- Quando eu ia pro Cassino, deu um vento e as faturas caíram dentro da Lagoa...

MÃE

MÃE

Mãe; a palavra mais ela pronunciada pelo humano.

Kahil Gibran


Stowe

CONSCIÊNCIA

Bebo água e silêncio como se estivesse lavando a candelária e acendo um poema em cada canto da casa queimando álibis como incensos com claro, perfume de ângulos e ácaros. Engulo meus próprios olhos numa refeição lívida sem mais nada para pôr sobre a toalha da mesa e saio pela palavra porta rangendo as dobradiças da paisagem na abissal tristeza de um país baldio que nos esquece como guarda-chuvas.

Chagas Correia

ADIVINANZA DE LA GUITARRA

En la redonda encrucijada, seis doncellas bailan. Tres de carne y tres de plata. Los sueños de ayer las buscan pero las tiene abrazadas un Polifemo de oro. ¡
La guitarra!

Frederico García Lorca

sábado, 10 de maio de 2008

AS PALAVRAS TEM PODER

Lembre-se: aquilo que se traduz em palavras vem na realidade a se manifestar. Conscientize-se que as palavras têm poder criador e as utilize sabiamente. A palavra tem força criadora, segundo o escritor Lourenço Prado que no dá uma aula sobre o poder da palavra. Diz ele:
“Se conhecêsseis o poder de vossas palavras, teríeis grande cuidado nas vossas escritas e conversas, bastar-vos-á observardes a reação de vossas palavras para verificardes que elas não voltam vazias. Por meio das palavras que escreveis ou pronunciais, estais estabelecendo continuamente leis para vós mesmos.
As forças invisíveis agem sempre a favor daquele que está continua e corajosamente avançando para a; frente, embora não o saiba. Em virtude das forças vibratórias das palavras, quando o individuo escreve ou fala alguma coisa, começa a atraí-la para si.
Cada palavra que expressais, exerce uma ação na vossa vida pessoal, a qual será a; vosso favor ou contra vós, conforme a idéia expressa pela palavra. Com efeito, cada palavra que emitirdes (da forma que for) é uma expressão, a qual produz uma tendência particular em determinada parte de vossa entidade.
Essa tendência pode manifestar-se em vossa mente, no vosso corpo, na vida química deste último, no plano dos desejos, no caráter, em qualquer de vossas faculdades, vindo em seguida, a produzir os seus efeitos, materiais.

‘Brígida Brito’

DROGADA E PROSTITUTA

Não sei ao certo bem qual estágio da minha vida passei nele os olhos furtivos e sôfregos. Piolho de estantes devorava o que me chegasse às mãos. Presa de bruxos tão diversos quanto Machado e Lobato, avalio, hoje, que foi prematuro o meu contato com a dura realidade do mundo das drogas li mostrado, num misto de documento e biografia pelos repórteres Kai Hermann e Horst Rieck. Digo o mesmo diante das esquisitices de Nelson Rodrigues; era cedo para digerir as conseqüências psíquicas da esquizofrenia e do incesto. A mitologia deveria tê-los precedido com sua didática. Inda bem que veio; anos depois, mas veio.
Como quer que seja, acho que os da minha geração, livrescos ou não, tiveram acesso à saga da menina Felscherinow (o F. do título). No meio da década de setenta, o livro, que corria no circulo alternativo, passou a ser leitura obrigatória. Pulava de mão em mão, na esteira das fotos – pudicas para os padrões atuais – das coelhinhas. Quero crer que, à época, nós, leitores febris, á mercê dos hormônios, na casa dos quinze, dezesseis anos, de famílias conservadoras, não nos dávamos conta do acachapante universo ali desnudado, enquanto fenômeno social. Não nos dizia respeito o “leitmotiv” da trama. Menos por alienação e mais porque a contravenção era assaz cabeluda e circunscrita a um distante avatar. Eu, pelo menos, optei por relancear a dramática experiência da adolescente com picos de heroína no “bas-fond” berlinense. Concentrei-me no lado picante: os fragmentos em que ela negociava o corpo pelos alucinógenos.
Mas não me julguem tão rápido. Penso que não havia pecado nessa concupiscência. Afinal, éramos, eu e os outros, impúberes como ela, sem parâmetros para uma análise elaborada sobre a temática central – ainda que esta se mostrasse às escancaras desde o princípio. Agora, aprendi que esse manto encobridor funciona como uma espécie de proteção automática: a sabedoria da psique juvenil ao se deparar com situações para as quais ainda não há modelo interno. Melhor ficar com o conhecido.
Ultimamente, à vista dessa lenga-lenga de marcha para lá, descriminação para cá, garimpando subsídios para reafirmar a mim mesmo que não estou sendo “careta” porque sou contra a maconha, volvi ao suplicio da pequena alemã. Fi-lo com a visão de homem maduro – de pai que deseja ser avô. E estejam convictos: se, aos quinze, recendia algum laivo de excitação daquelas páginas, aos quase cinqüenta só remanesceu a dor e a humilhação que a dependência química imputa ao ser humano.
E aos que, desorientados sob o ambíguo dossel de uma democracia que a tudo serve, defendem tais desatinos, cumpre-me recomendar: corram à livraria. Se não, o meu velho exemplar está às ordens. Contando que não deixem de ler (ou reler= “Cristiane F – 13 anos, Drogada e Prostituta” antes da próxima marcha...

‘Irenaldo Quintans’

MAMÃE…

Na magia do teu senso de ternura, tens sido companheira, mesmo à distância, assim te vejo desde a minha infância, com um sorriso nos lábios, com candura.
Tentei falar-te, mas não conseguindo, vou escrever o que estou sentindo.
Para mim um desafio, um novo teste:
Como um Anjo; vens velando o meu destino, aquecendo o meu coração no desatino.
Mamãe: desceste de um balão celeste!
Tens o domínio e a grande ciência de saber e a todos escutar.
Trazes; atada à cintura, a paciência, sem fazeres do trabalho; o teu cansar.
Como ave conhecendo os ares, tens sido Guardiã de nossos lares investindo no Amor, na Fé, na Fortaleza, não obstante o não conhecimento imbatível nas horas da tristeza, da inveja, da traição, do sofrimento.
As nossas magoas, tu as ouves silenciosa, porque possuis o dom da alquimia, transformando nossa dor em alegria, desculpando nossa vida silenciosa.
Dentro de ti há uma luz incandescente, pois eu me lembro de, quando estive doente, sentir minha vida se apagar, tua presença constante me ergueu, e aquela chaga em mim não mais doeu, e voltei novamente a enxergar.
Se, um dia, eu te deixei sozinha, quase a dispensar-te de minha pauta, hoje reconheço toda a falta e te peço perdão, minha mãezinha!
Sou pequena para ver tua grandeza, meu proceder não se compara ao teu encanto.
Tu me embalas-te, em criança, com o teu canto; em teu carinho, sempre encontrei firmeza; banhaste-me no mar da tua bonança, enfeitaste-me com a jóia da coragem.
Não sendo vento, oeste minha aragem.
Abriste-me o céu da confiança.
Como aprendi com teu manto de pureza!
E descansei sob o teu doce aconchego.
Em ti jamais percebi moleza, soubeste sempre transluzir sossego.
Mesmo te vendo no isolamento, coberta de: dor e de sofrimento, sustentaste a bandeira da esperança, e o teu dedo de decisões sempre em riste jamais arrefeceu a confiança.
Mamãe, a tua clonagem não existe!

‘Magna Celi’


Em 1993, eu dirigia como diretor de campanha, e ao mesmo tempo mandatário e candidato a deputado municipal, uma campanha política, para umas duríssimas eleições autárquicas no Concelho do Barreiro, e foi no decorrer de uma reunião, a meio de mais uma, de tantas outras noites de trabalho político, que recebi a noticia da sua partida oficial.
Chegaram a perguntar-me o que eu ainda fazia ali, perante a situação, ao que respondi: que para mim a morte, não é mais do que uma mudança de estado, e que nada fica igual, mas também nada muda o nosso destino, sempre que se queira tentar fugir dele.
Podemos tentar melhorar o destino, agora alterar o mesmo de forma total e radical...
Claro que conduzi a reunião até ao seu final, e muito poucos dos presentes na sala, naquela noite, souberam o que tinha realmente acontecido, acho mesmo que tirando o portador da noticia, e mais uma ou duas pessoas presentes, mais ninguém se apercebeu do que realmente ele, Francisco Mendes Costa, me tinha segredado ao ouvido, ao entrar na sala; e deparar comigo a dirigir aquela reunião sabendo o que tinha acontecido horas antes.
É por isso que fiquei maravilhado á poucos dias, ao poder assistir a uma reportagem televisiva sobre a uma ultima aula de um Professor Universitário dos EUA, a quem diagnosticaram câncer do pâncreas e deram no máximo 6 meses de vida.
Ele ministrou, a sua ultima aula, falando de: vida, de futuro, de querer, de organização, e até se deu ao luxo de brincar com os presentes, fazendo flexões no solo, só com um braço, e depois com o outro, para provar que estava, naquele momento, bem melhor e mais ágil que alguns que estavam ali sentados naquele anfiteatro, assistindo aquela sua derradeira aula enquanto professor na terra.
Fiquei maravilhado e feliz, porque percebi que no Mundo não sou o único a pensar assim, sobre a importância da vida até ao último momento, como vida vivida...
E que ninguém duvide, que; se eu tiver a oportunidade de saber o dia em que mudo de estado, não farei tudo o que estiver ao meu alcance, para poder escrever aqui, e nos outros espaços que tenho na Internet; umas últimas linhas para vocês, meus amigos, com um caloroso, obrigado final, e até...
Digo partida oficial da minha mãe, nesse dia de 1993, pois que a partida real, para mim, já tinha acontecido dois anos antes, quando pela última vez escutei a sua melodiosa voz, sair daquela boca ornada com finos lábios. Depois; bom depois ali ficou; ligada a uma máquina, como um vegetal, ou um motor elétrico sem autonomia, a quem se recusam a cortar o caule, ou a desligar a tomada, mesmo depois de tantos pedidos pessoais. Pedidos para que alguém que foi realmente; um poço de energia. E uma doçura de pessoa em vida, não tivesse quase como castigo final, aqueles momentos de exposição desnecessária e incompreensível, aos olhos de alguém que acredita que a vida é para ser vivida, enquanto vida, depois é só mais uma transformação, pois que nada se cria, nada se perde, e tudo, mas mesmo tudo se transforma.
Eu não tenho vergonha de dizer e assumir que enquanto esteve ligada á, máquina, eu jamais passei da porta do serviço de internamento para dentro.
A Libânia, aquela mulher tão importante para mim, que partiu fisicamente nesse dia, mas que realmente se mantém inabalavelmente ao meu lado até ao dia de hoje, em memória nunca esquecida, é um dos seres mais importantes, se não o mais importante, que passaram pela minha vida.
E se falo de quem já se transformou, e foi deveras importante, pois não posso esquecer, para que possam sorrir e até pensar que posso ser um louco, que tenho alguns Seres importantes que já partiram, talvez até já demais para o meu gosto, nesta altura do campeonato da minha vida. E que se não chorei por minha mãe, pelo contrario o fiz noutras ocasiões, e até mesmo por um cão, pastor Serra da Estrela, “Lord” que foi o mais fiel Ser que conheci até hoje na minha vida, e partiu comigo agarrado a ele, numa tarde de um malfadado dia 20 de Agosto. Esse dia tão especial na minha vida, no destino da minha vida, e que tantos acontecimentos, nada bons me tem trazido ao longo do tempo.
Nunca fui menino de Mamãe, fui até muito independente, mas sempre soube respeitar a sua importância, na minha formação enquanto homem. Foi também ela, entre outras determinações, quem apoio de modo empenhado a minha aventura de conhecer a Europa com uma mochila ás costa nos idos anos 80. E por lá andar largos meses em 1984 e 1985, e foi também ela que me transmitiu grande parte da minha quota de 50% de raízes pátrias italianas, sangue que jamais reneguei correr nas minhas veias, e que até fazem de mim; um adepto da “Squadra Azurra”, incontido, e reconheço que por vezes deveras exuberante nos festejos de tantas conquistas, e melancólico na tristeza das derrotas, mas sempre respeitador da noção de que a vida é para ser vivida e construída de preferência de pequenas derrotas e de grandes vitórias, mesmo que sejam poucas em quantidade, mas que tenham a força da qualidade.
O dia da mãe, não tem assim para mim um significado especial, é simplesmente um dia...
Seria assim mais um dia, entre tanto, em que telefonaria, para perguntar como estava. Hoje o telefone não pode tocar mais...
Para mim é todos os dias, eis então uma das tais vitórias com a força da qualidade, porque parecendo impossível, muito raro é o dia em que não me vem á memória algo de importante transmitido por essa terna e muito tranqüila mulher, que foi a minha mãe.
Dizer que ao acompanhar o seu corpo no dia do funeral, o fiz com a certeza plena, de que ali já nada restava dela enquanto pessoa, mas só um símbolo, por isso, e como nunca a abandonei, fui até junto da cova final, mas ao contrario de todo o mundo que ficou ali especado, eu não fiquei para ver descer o esquife, ou jogar uma mão cheia de terra. Virei costas e totalmente só, me vim embora, sem olhar sequer para trás, como até hoje faço, quando realmente não mais quero esquecer alguém ou algo importante.
Olhar para trás, é despedir, é dizer adeus, é ter remorsos. E eu detesto despedidas por isso gosto de partir sempre só...
Quando parti, nessa tarde, do Cemitério da Vila Chã no Barreiro, um pouco dela veio, no entanto; junto comigo. Ela veio; a parte importante dela veio, e se mantém, até hoje, bem junto de mim, pois que as ossadas que restam numa gaveta mortuária, com deliberada intenção sem qualquer foto exterior dela, não são mais do que a recordação física da armação do corpo que um dia foi o seu.
Quem sabe um dia mude de idéias e coloque lá uma foto sua, para identificar as ossadas á imagem anterior...
Hoje, tal como ontem e como amanhã, se aqui ainda estiver, só posso pensar, e imaginar os meus lábios articularem um:
Obrigado, Libânia por mais um dia de amizade...

Um beijo mamãe!...