VANTAGENS DA SONECA

O poeta chileno Pablo Neruda era conhecido pelo hábito de abandonar qualquer coisa , após o almoço, por uma boa soneca.

Era candidato a Presidente do seu País quando visitou o Brasil.

Em uma das suas muitas entrevistas, ele acabaria sendo confrontado com aquele hábito que fazia as delícias dos seus adversários.

Neruda respondeu com tranquilidade:

- Claro, vou continuar com a sesta. Enquanto estiver dormindo, a população saberá que não lhe vou fazer nenhum mal.

NA CPI DA SAUDE

Trabalhava o relator desta, em Campina Grande, quando foi escalado para acompanhar uma averiguação técnica no hospital do médico Ivo Aragão, objeto de várias denúncias.

Enquanto percorriamos o hospital, que era privado, o Deputado Gervásio Maia descobriu algumas camas que traziam plaqueta de tombamento do Governo do Estado.

Incontinente, indagou a Ivo Aragão:


Oxente, que danado esta cama do Estado está fazendo em seu hospital?

Ivo:

Vieram pra ser concertadas...

Gervásio:E estão sendo utilizadas pelos pacientes?

REGO É BOBAGEM

O Governador alagoano Pedro da Costa Rego foi implacável perseguidor de Lampião, nos anos 30.

Após romper mais um cerco da policia, o rei do cangaço chegou a Santana do Ipanema, sertão de Alagoas, e foi direto aos correios.

Conta António Sapucaia no livro "O Legendário Costa Rego" que o atrevido Lampião ditou um telegrama ao Governador que terminava assim:

- Fique o sinhô sabendo que tô acostumado a saltar riacho, quanto mais Rego. Assinado, Capitão Virgulino Ferreira, Governador do Sertão.

PROVOCAÇÕES TUCANAS

O ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso perde o amigo, jamais a piada.
Na reunião da cúpula do PSDB com os Governadores do Partido, há dias, em Belo Horizonte, ele abraçou o anfitrião com entusiasmo:
- Você está muito bem, Aécio!...
Era uma provocação ao amigo Governador paulista José Serra, rival de Aécio Neves na corrida presidencial.
Serra foi logo acusando o golpe:
- Por que ele está "bem"?
- ... bem vestido, Serra, muito bem vestido. Veja, esta roupa dele é um legitimo Ricardo Almeida (estilista de moda masculina), custou pelo menos uns R$ 5 mil!.
E caiu na gargalhada.

DIÁLOGO DE MADRUGADA

Aquele Deputado Federal chega em casa, e a mulher o espera com ferocidade.
Ele diz:
- Vou contar uma piada pra descontrair!
E conta:
- Um bêbado chega em casa as quatro da manhã, encontra a mulher zangada com uma vassoura nas mãos e pergunta se é pra voar ou varrer a casa...
A mulher não ri. Indaga irada:
- Isto é comigo?
O Deputado:
- Isto foi pra mostrar o que eu faria se eu fosse um bêbado depravado e você fosse uma bruxa...
Confusa a esposa se acalma e vai dormir.

CORAGEM E COERÊNCIA

Conta o folclore potiguar que o Coronel Adiualto Rocha (UDN) disputava eleição contra outro Coronel, João Lucio (PSD), em Guaianinha.
Disputa acirrada, o Deputado Fernando Marinho resolveu ajudar o tio, João Lúcio:
- Esse Coronel Rocha é ladrão!
Adauto Rocha ouviu o insulto, subiu no palaque de revólver em punho, aproximou-se do orador e sussurrou, na maior calma:
- Estou gostando do seu discurso. Mas é contrário. Corrija, senão morre.
O voluntarioso Deputado Fernando Marinho não se fez rogado:
- Amigos, Adauto Rocha é um homem bom! Meu tio é que não presta.

GUERRA À BRASILEIRA

O baiano Luiz Carlos Medrado Sampaio, ex-médico da Aeronáutica e amigo de infância do ex-Senador Gilvan Rocha (SE), recebeu por telefone a convocação, em 31 de Março de 1964, o dia do golpe:
- Apresente-se amanhã cedo no quartel. No pátio, com as armas.
- Armas? Mas que armas?
- As que o senhor tiver, ora! - respondeu a voz, autoritária.
- Posso ir desarmado?
- Pra que serve um homem desarmado em quartel, numa revolução?
No dia seguinte, cedinho, Medrado se apresentou e foi directo para o pátio, carregando um estilingue no pescoço.
Apanhou trinta dias de cadeia.

O NÚMERO DO CHASSI

Testemunhada pelo Professor União.
O projecto do Vereador Tavinho Santos, de João Pessoa, Paraiba, que regulamenta a multa para pedestrers que não seguirem o Código de Trânsito, está causando o maior rebuliço na cidade.
Outro dia, um pedrestre atravessou a rua fora da faixa e deu de cara com um amarelinho da "STTrans" com o talão da multa já em punho.
Ao ser multado o gaiato reagiu:
Seu guarda, eu só tenho 17 anos não posso usar placa ainda não. Portanto não posso ser multado.
Do outro lado, estava o idoso que chamou o guarda e perguntou:
Meu amigo, no meu caso, eu boto o número do chassi aonde?
Fechou o tempo na Avenida Beira Rio.

BRILHANTE RIMA

Dono da inteligência mais rápida no faroeste da política brasileira, Carlos Lacerda nunca se apartava.

Certa vez ele foi a um acto político em Montes Claros (MG), e percebeu que os muros da cidade tinham sido pichados pelos inimigos:

- "Lacerda rima com m****"

Ao concluir o discurso, o mítico politico carioca se despediu assim.

- Aos amigos, deixo um grande abraço. Aos adversários, a rima.

OS PLEITOS ESTAVAM VIVOS

Contada por Juarez Amaral.

O Vereador Ivan Cabral, que chamava a todos de Campeão, era na verdade conhecido ele próprio como o campeão de pedidos ao Perfeito.

Não dava sossego.

Naquele dia, Ivan telefonou para o Perfeito Cássio Cunha Lima para apresentar seus pêsames, por causa do falecimento de sua avó, Nenzinha Cunha Lima.

Ivan mostrou-se compungido, desejou conforto ao Perfeito e, então, arrematou:


Mas, Perfeito, como a vida continua e, aproveitando e telefonema, dá pra o senhor atender aqueles pleitos?

INTIMIDADE PROVADA

Um bispo vivia falando mal do interventor no Rio Grande do Sul, Flores Cunha.

Acusava-o de ser boêmio e um elitista esnobe, que não dava intimidades nem mesmo aos seus próprios aliados.

Quando soube disso, o general resolveu calar o bispo de uma forma curiosa: chamou-o para uma conversa às 06.00 da manhã, recebendo-o nos seus aposentos, ainda na cama. Vestia apenas cuecas:

Vossa Reverendissima desculpe, mas como é de minha total intimidade, posso recebê-lo a qualquer hora, em qualquer lugar e de qualquer jeito.

COMEÇANDO CEDO

Na eleição de 2006, Robertinho, neto de cinco anos do ex-governador Roberto Paulino, pediu para ser candidato a Deputado.

Paulino comprou a idéia do neto, e mandou fazer camiseta e até música de campanha para o "candidato" a Deputado Estadual.

Ai certo dia, Robertinho procurou a avô:

- Se eu for Deputado Estadual, como Raniery, vou trabalhar na Assembleia.

Paulino:

Claro que sim.

O neto:

E, se Zenóbio for eleito, vou ter de trabalhar com ele?

Paulino:

Sim.

O Neto:

Pois, não quero mais ser candidato a Deputado Estadual, não. Quero ser Deputado Federal.

DE CAVALO E DE SONO

Só no Brasil se pode encontrar disto:

Sessão modorrenta, no Senado, mesmo na presidência da mesa Mão Santa (PMDB-PI) fez um discurso de quinze minutos, o que não é permitido pelo regimento.

Como sempre, falando de alhos e bugalhos.

Citou Calígula, que indicou o cavalo Incitatus para o antigo Senado romano.

Mão Santa, língua nem tanto, tem a mania de gritar o nome dos Senadores incitando-os a prestar atenção ao seu discurso.

Numa dessas, ao gritar algo a um Senador meio sonolento e perceber-lhe o susto, Mão Santa sentenciou:

- Acordou e concordou...

DEFUNTO ELEITOR

Quando fez campanha para Deputado Estadual no Rio Grande do Sul, em 1974, Elias Bainy adotou como estratégia; percorrer velórios em Pelotas.

Chegava de mansinho, com ar consternado, e cumprimentava os familiares do falecido.

Um dia chegou atrasado a um velório, mas a tempo de segurar a alça do caixão.

Reconheceu, ao lado, na outra alça, o irmão de um adversário, que de tão triste, parecia conhecer o morto. Bainy cochichou:

- Quem é o finado ilustre?

O homem foi de uma sinceridade desconcertante:

- Não sei, mas a família é numerosa e quase todos têm idade de votar.

MEMORIA CURTA

Foi uma surra memorável. Candidato a vice-governador na chapa de Virgilio Távora em 1958, o ex-prefeito de Fortaleza Acrisio Moreira da Rocha não tinha o direito de esquecer aquela sova cívica.Mas esqueceu. Anos depois, numa entrevista, ele garantiu que jamais havia sido derrotado nas urnas.

- E a eleição de 58? - insistiu o repórter inconveniente.

Acrísio não perdeu a pose:

- Como é que eu poderia ganhar levando nas costas um piano como Virgílio? Nem se fosse guindaste...

CONTRA O COSTUME ANTIGO

Só no Brasil se pode encontrar disto:

Logo que se formou, Zé Américo foi nomeado promotor em Sousa, para onde seguiu a cavalo.

Em Sousa, alugou casa e contratou uma cozinheira jovem e bem apresentável.

Aí, dias depois, descobriu que ela tivera um filho do promotor anterior, e a demitiu imediatamente.

O Juiz da cidade procurou Zé Américo:

- Mas, por quê demitiu a moça, tão prendada?

Zé Américo:

- Ela podia pensar que o costume ia continuar!

CAFÉ COM DESCULPA

Adhemar de Barros apoiou Café Filho para presidente e Broca Filho para Deputado Federal, em São Paulo, na campnha de 1950.

Ao chegar em Ribeirão Preto, cidade de outro amigo candidato a Deputado, e tomando conhecimento de um manifesto anti-Café Filho, Adhemar resolveu não pedir votos para as duas candidaturas que o levaram à cidade:

- Não me fica bem, na cidade de Ribeirão Preto, produtora da melhor rubiácea, enaltecer café com broca.

O PISTOLÃO CERTO

Só no Brasil se pode encontrar disto:

O talentoso jornalista Mauro Santayana acabara de ser nomeado Adido Cultural à embaixada do Brasil em Roma, nos anos 80.

Um belo cargo, no belo Palácio Doria Pamphhilij, sede da embaixada brasileira em Roma na Piazza Navonna, centro de Roma.

Um amigo encontrou Santayana e foi logo gozando:

- Puxa, esse é o emprego que pedi a Deus!...

O jornalista respondeu na bucha:

- Acho que você pediu ao cara errado. Quem me nomeou foi o Presidente José Sarney.

EDIVALDO E A MULHER FEIA

O Deputado Edivaldo Mota tomava umas doses com amigos num bar, em Brasilia, quando chegaram algumas senhoras esposas de parlamentares.

Indiferente à presnça das senhoras, Edivaldo contava para os seus amigos algumas picantes piadas ocorridas em Patos.

Uma das mulheres não gostou e foi se queixar ao garçon. Irreverente, Edivaldo comentou:

- Que mulher mais feia!

Ela não gostou:

- E o senhor é um bebado!

Então Edivaldo arrematou:

- Está certo. Mas amanhã, eu vou estar bonzinho. Já a senhora...

LONGE É MELHOR

Jânio Quadros só perdeu no Maranhão, na disputa presidencial de 1960 com Henrique Teixeira Lott, graças ao apoio que o pesadissimo marechal recebeu do cacique Vitorino Freire.

Um pouco antes da eleição, um reporter perguntou a Vitorino:

- Há perigo de o Jânio ganhar no Maranhão?

Ele não precisou pensar muito para responder, convicto:

- Perigo existe. Basta que o Lott volte duas vezes ao Maranhão.