quarta-feira, 14 de maio de 2008

FINIS TERRAE

O não dito
e já ignorado
que se esconde
à margem
do sentido.
O esquecido
e logo reinventado
que some
entre os tons
da manhã
entretecido.
O que visto,
e logo descartado,
emerge imprevisto
em um grito.
O grafado
mas não compreendido
que se furta à deriva
do vivido.
A brisa
que não comunicada
passa sem querer
ser ouvida.
A paisagem
não litografada,
a enseada
que olhar nenhum revisa.
O olvido
do que sempre arquivado
não guarda mais
lastro dos vivos.
O presente
nunca registrado,
tempo inócuo
que a carne
não cicatriza.
Onda breve
dentre muitas consumada
que se arma
contra todo imperativo.
A fragrância
há muito evaporada,
ave rara
que no ar desfila
intangível.
Uma palavra
que, esquecida,
vive à larga
da folha
que a mantém
cativa.
O mundo
que nos lábios
se deflagra
e morre
em um murmúrio
não em um
estampido.

Rodrigo Petronio

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